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Da Redação
Publicado em 6 de novembro de 2020 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Educação Para o professor Nelson Pretto, a volta às aulas deve passar por um grande diálogo entre o poder público, as famílias e a comunidade educacional. E isso apenas quando houver segurança de que a retomada não vá contribuir com uma segunda onda de expansão do novo coronavírus. “Essa é uma questão central e não é uma questão educacional, é uma questão sanitária”, afirma. Professor titular da Universidade Federal da Bahia (Ufba), ele acredita que é muito mais importante trabalhar na maneira como as aulas serão retomadas do que no momento em que isso vai acontecer. >
Ele foi convidado pelo jornalista Donaldson Gomes para o programa Política & Economia, ontem no Instagram do CORREIO (@correio24horas). >
Nelson Pretto lembra que as desigualdades enfrentadas pelos estudantes em meio à pandemia são diferentes e refletem as diferenças socioeconômicas do país. “Para entender isso precisamos pensar além da educação”, acredita. “Como é que a gente valoriza concretamente a Educação? Quando a gente valoriza o professor e a professora”, acredita. “Tem um 1% da população vivendo com 50% da renda e tem um percentual enorme vivendo com o equivalente a US$ 1,9 por dia. A gente vê as filas na Caixa Econômica para receber esses auxílios. Sem dúvidas, vamos caminhar para uma política de renda mínima no planeta”. >
“Seguramente vamos precisar de estratégias que vão colocar para os professores uma tarefa extra”, avalia, ressaltando que os docentes vão precisar desenvolver estratégias para ajudar alunos prejudicados pela falta de aulas retomem o ritmo de aprendizagem. >
O professor acredita que um dos aprendizados trazidos pela pandemia é o da importância do trabalho do professor. “Esse momento mostrou que projetos de homeschooling, educação doméstica, são absurdos. Essa consciência trouxe clareza sobre algo muito importante, que é a valorização do professor. O Brasil ocupa um lugar muito ruim neste aspecto, mas depois desta situação as famílias passaram a valorizar muito mais aquela pessoa que faz a educação”, diz. Há alguns meses, o professor Nelson Pretto defendeu que as pessoas e as empresa abrissem o sinal do wifi durante a pandemia, como um ato de inclusão digital. Segundo ele, mesmo sem grandes resultados, a campanha foi importante por trazer a discussão sobre a solidariedade. “Não houve adesões, mas é uma campanha importante pela construção das narrativas”, acredita. “Nós estamos propondo um movimento que tem como base a solidariedade. O que a gente precisa é aproveitar esses momentos dramáticos para apoiar quem precisa. A solidariedade deveria ser a base da nossa sociedade e não a lógica consumista que estamos vendo”, diz. >