Extração de cascalho em Ipiaú degrada nascentes de rios

Situação acontece há pelo menos 30 anos, diz prefeitura

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 13 de julho de 2018 às 14:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marllus Andrade/Divulgação

Em Ipiaú, cidade do Sul do estado e localizada a 365 quilômetros de Salvador, a retirada de cascalho está degradando nascentes e rios, como o de Contas. O material é usado para melhorar o tráfego em estradas vicinais, prejudicadas pelas chuvas que sempre caem na região, devido à umidade da área de Mata Atlântica.

O problema ocorre na Fazenda do Povo, pertencente à Prefeitura local, e no imóvel vizinho, a Fazenda Harmonia, de propriedade do gestor ambiental Marllus Andrade, que acusa a administração de retirar cascalho da sua propriedade, o que é negado pelo município.

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A Prefeitura admite que por mais de 30 anos as gestões anteriores retiraram, sem licença ambiental alguma, cascalho da área da Fazenda do Povo, um assentamento rural de 190 hectares onde moram cerca de 800 famílias.

A atividade exploratória continuou na gestão atual, iniciada em 2017, e segundo Marllus Andrade, avançou para a propriedade dele, tendo a Prefeitura, supostamente, retirado cascalho entre os meses de setembro e outubro do ano passado.

Ele estima que a Prefeitura tenha retirado 23.841 metros cúbicos de cascalho que valeriam pouco mais de R$ 317 mil. As estimativas constam num relatório feito por ele mesmo e que serão levados ao Inema e ao MP-BA.

Marllus se queixa ainda de que durante a retirada do cascalho quatro nascentes que ele preserva foram prejudicadas. As nascentes vão para o Rio Água Branca e depois para o Rio das Contas. “Nunca vendi uma galeota de cascalho”, afirmou Marllus, segundo o qual a atividade econômica da Fazenda Harmonia é cacauicultura. (Foto: Marllus Andrade/Divulgação) A Prefeitura, por meio da Procuradora Geral Isabelle Velúcia Dias de Araújo, nega a degradação às nascentes e diz que os dados apresentados sobre a suposta retirada de cascalho são fantasiosos.

“Paramos com a retirada de cascalho na Fazenda do Povo e demos entrada no Inema e no DNPM para que possamos obter as devidas licenças de extração. Enquanto elas não forem obtidas, não vamos retirar mais cascalho”, ela disse.