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Da Redação
Publicado em 21 de dezembro de 2022 às 06:00
Tema de chá, motivo de polêmica na família ou razão de bullying sofrido nas escolas. Seja qual for o caso, o nome pode ser a resposta. Indispensável para a identificação de qualquer cidadão, ele não só atesta existência, como também anuncia singularidades atribuídas pelos papais e mamães. Entre os baianos, os mais escolhidos para registro de bebês em 2022 foram Gael e Maria Alice, que tiveram inspirações em nomes de filhos de famosos, conforme indica a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen). >
Líder do ranking pelo segundo ano consecutivo com 2.457 mil registros no estado, Gael foi o nome escolhido para o filho da influencer Zoo e do youtuber Christian Figueiredo. Já Maria Alice, que apareceu na 7ª posição no ranking de 2021, assumiu a liderança no ranking feminino e ocupou a 6ª posição geral com 1.439 registros em 2022, ano em que a influencer Virginia Fonseca deu para sua bebê esse mesmo nome. >
Para o vice-presidente da Arpen-BA, Christiano Cassettari, a predileção dos baianos por esses nomes não se trata apenas de coincidência. “O que nós percebemos é que o nome escolhidos por atores e atrizes, influencers e youtubers acabam sendo os preferidos. Esse é o caso do Gael e da Maria Alice”, reitera. >
Em 2017 e 2018, Arthur e Maria Eduarda foram os nomes mais escolhidos para bebês do sexo masculino e feminino, respectivamente, na Bahia. Em 2019, Enzo Gabriel e Maria Cecília tomaram a liderança. Em 2020, a dupla Arthur e Alice figuraram no topo, cedendo espaço para Gael e Laura em 2021. Desde então, Gael se manteve e a novidade da vez no nome feminino foi Maria Alice. >
Pode chamar atenção, no entanto, que os nomes mais registrados nos últimos seis anos sejam masculinos. Isso porque, na Bahia, apesar de nascerem mais meninos, a população é mais feminina. Essa fator se deve ao fato de que, além dos homens terem uma expectativa de vida menor em razão de diferentes marcadores sociais, a taxa de sobrevivência até o primeiro ano é menor entre os meninos, como apontam os dados de Registro Civil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2020.>
A Arpen-BA ainda esclarece que não há relação entre a quantidade números de bebês nascidos com a quantidade de nomes mais escolhidos para cada bebê, uma vez que podem nascer 40 meninos com nomes diferentes entre si ou todos com nomes idênticos que estejam fazendo sucesso.>
Com plano inicial de chamar seu bebê nascido há dois meses de Anthony, a operadora de caixa Ana Paulla Santos, 21, conta que mudou de ideia ao longo da gravidez e decidiu por Gael justamente ao ver que o nome estava em destaque. “O nome do pai dele é Gabriel, então eu tive a ideia de colocar Gael, porque é um nome em alta e eu gostei muito”, afirma. >
Mãe de primeira viagem, a técnica administrativa Sara Andrade, 22, por outro lado, relata que escolheu o nome do seu bebê, de apenas um mês de vida, antes mesmo de engravidar. “Gael foi um nome que eu sempre gostei e pensei que, quando engravidasse, seria o nome que eu ia colocar por ser um nome pequeno e por ter um belo significado. Perguntei se o pai estava de acordo, ele disse que concordava e nós decidimos colocar”, diz. >
Na liderança de nomes femininos, o nome Maria Alice deu um salto nos últimos anos. Do ranking dos últimos 6 anos, foi somente em 2019 que o nome apareceu, ocupando o 6º lugar entre os nomes femininos. Mãe de uma Maria Alice de 2 anos e 4 meses, a vendedora Tauane Rosendo, 20, destaca que escolheu o nome da filha em 2020 sem imaginar que o nome se tornaria tendência. “Eu acho Maria um nome lindo, então eu queria colocar Maria Luiza, mas o pai da minha filha não queria. Ele queria Valentina Alice. Então resolvemos juntar os dois”, recorda. >
Perfil dos nomes >
No ranking de nomes registrados em cartórios da Bahia em 2022, Gael, Miguel, Arthur, Heitor e Theo ocuparam as cinco primeiras posições, respectivamente, indicando a preferência dos baianos por nomes curtos. Promotora de vendas, Roberta Nascimento, 22, não esconde que nomeou seu filho de 6 meses de Theo pela facilidade. “A escolha foi por ser calmo no pronunciamento, pelo significado, que é Deus supremo, e porque é a abreviação do nome do avô dele, que é Theogenes”, conta. >
Quando assumiu o ranking pela primeira vez, em 2021, o nome Gael conquistou a assistente de finanças Camila Sousa, 25, também pela praticidade. Ela conta que só jogou o nome na internet, gostou do significado e decidiu registrar seu filho, agora com 1 ano de idade. Além de objetiva, a escolha de Camila e outros responsáveis pelos ‘Gaeis’ registrados na Bahia revelam a tendência seguida pelos baianos de optar por nomes simples e com significados bíblicos, como informam os dados da Arpen. >
Segundo o vice-presidente da Arpen-BA, os baianos costumam evitar nomes tradicionais quando estes não são bíblicos. É comum encontrar cada vez mais nomes com ‘y’ no lugar convencional do ‘i’, bem como a letra ‘h’ no final dos nomes terminados com uma vogal acentuada. Essa tendência, segundo frisa Christiano Cassettari, tem tudo para se manter. Sua aposta, inclusive, é que nomes com essas grafias figurem no topo do ranking dos nomes mais registrados pela Bahia em 2023. >
Luca será o novo Enzo? >
Quando anunciou que o nome do seu filho com o ator Edson Celulari seria Enzo, em 1997, a atriz Claudia Raia certamente não imaginava que seria a autora do lançamento de uma tendência. De 2.088 registros na década de 90, o nome do filho da atriz, amplamente divulgado antes e após seu nascimento, se tornou um sucesso e alcançou 7.013 registros no Brasil nos anos 2000, segundo dados do IBGE.>
Só na Bahia, 2.983 bebês foram nomeados de Enzo na década 2000, o que demarcou um salto, visto que nos anos 90 apenas 124 bebês receberam esse nome no estado. Em 2020, o prenome Enzo apareceu na composição do nome Enzo Gabriel, ocupando o 8º lugar no ranking de nomes mais escolhidos pelos baianos, segundo a Arpen-BA. No entanto, com a nova gravidez de Cláudia Raia, aos 55 anos de idade, e com a consequente divulgação de que seu terceiro filho se chamará Luca, o posto de Enzo, e até mesmo de Gael, está ameaçado. >
No Brasil, houve registro de cerca de 7 mil bebês com o nome de Luca na década de 2000. Desse número, 360 bebês foram baianos. Agora, com a influência da atriz, a expectativa é de que esse nome fique ainda mais em alta entre os baianos e, se depender dos internautas, isso acontece com muita graça e em primeiro lugar nas redes sociais. >
“Acho a Claudia Raia muito ordinária por ter escolhido o nome do filho de Luca, é meu nome preferido pra colocar no meu filho véi”, comentou um internauta no Twitter. >
“Meus filhos estudarão com vários Luca na salinha da escola, depois que Cláudia Raia revelou o nome do baby. Aquela que fez uma geração se chamar Enzo. Luca é o novo Enzo”, afirmou outra. >
“Gente??? Se eu tivesse um filho agora colocaria o nome de Luca. Tá feliz Claudia Raia?”, brincou mais um. >
Mudança de nome >
Desde junho deste ano, é possível a qualquer adulto maior de 18 anos alterar seu nome em Cartório independentemente do motivo, e pais de bebês, em consenso, alterarem o nome do recém-nascido em até 15 dias após o registro de nascimento, de acordo com a Lei Federal 14.382/2022. No Brasil, já foram registradas cerca de 4.970 alterações de nome diretamente em Cartórios de Registro Civil. Na Bahia, apesar desse dado não ter sido informado, o vice-presidente da Arpen-BA, Christiano Cassettari, afirma que já foram feitas diversas alterações. >
Segundo Cassettari, os cartórios estão sendo diariamente consultados porque há casos de baianos que buscam fazer alterações leves na grafia e mudar o prenome pelo apelido, mas grande parte busca alterar radicalmente o prenome por não gostar, seja porque não tem mais vínculo com quem o escolheu ou porque sofreu bullying por causa do nome que precisou responder durante a vida toda. >
Com a nova lei, que amplia o rol de possibilidades para alteração de nomes e sobrenomes sem a necessidade de procedimento judicial ou contratação de advogados, os baianos têm direito a uma única alteração. Para realizar o ato em Cartório é necessário que o interessado, maior de 18 anos, compareça a unidade com seus documentos pessoais (RG e CPF). O valor do ato é o custo de um procedimento, tabelado por lei, e que varia de acordo com a unidade da federação. Caso a pessoa queira voltar atrás na mudança, deverá entrar com uma ação em juízo. >
Já a inclusão do sobrenome, pode ocorrer, além dos casamentos e nos atos de reconhecimento de paternidade e maternidade, na manifestação de aquisição do sobrenome de alguém da linhagem familiar. >
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo>