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'O homem baiano é o que mais trai', diz médico Ricardo Cavalcanti

Sexólogo contesta desinteresse da baiana pelo sexo divulgado em pesquisa

  • D
  • Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2009 às 14:26

 - Atualizado há 2 anos

Em uma casa ampla, no bairro de Piatã, o médico e sexólogo pernambucano Ricardo Cavalcanti, 76 anos, é espontâneo e direto nas respostas sobre o comportamento sexual do baiano. Ex-presidente da Federação Latino-Americana de Sexologia e vice-presidente da Academia Internacional de Sexologia Médica, Ricardo trabalha há mais de uma década na capital baiana, onde mantém um consultório na Pituba.

Desvenda a diferença entre as atitudes das mulheres nos bairros e o jeito 'adocicado' da baiana - herança africana. Ele se diz surpreso com a pesquisa que apontou em 2008 as soteropolitanas em segundo lugar do ranking da insatisfação com o sexo, em dez capitais pesquisadas.

Segundo a pesquisa Mosaico Brasil (realizada pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas/USP), as mulheres de Salvador colocam o sexo como último item quando o assunto é qualidade de vida.

Pai de quatro filhos e no segundo casamento - com uma baiana -, encara diariamente as angústias e dúvidas de casais e solteiros em busca de bem

É verdade que as soteropolitanas estão insatisfeitas com a vida sexual? O que a gente nota no consultório não é isso. Vou responder a Carmita Abdo (autora da pesquisa Mosaico Brasil) com Carmita Abdo. Ela publicou em 2004 uma pesquisa sobre saúde sexual que ouviu mais de três mil mulheres no país. Ela quis saber qual o índice de relacionamento extraconjugal. Ora, por aí deduz-se qual o graude insatisfação dasmulheres.

Porque quem está satisfeito não muda de parceiro. O estado onde menos ocorre este problema é no Paraná - apenas 19,6% das mulheres paranaenses têm relacionamento extraconjugal. Onde tem mais é no Rio de Janeiro com 34,8%. O grau de relacionamento extraconjugal das mulheres na Bahia está em torno de 25%.

Ora, é um quarto da população feminina que não estaria muito satisfeita e explicita esta não satisfação com relações sexuais fora do casamento. No consultório minha experiência não é essa. Amulher baiana não trai tanto assim. E o homem baiano?Este, sim, é um problema e não merece muita fé. A própria Carmita menciona que o homem baiano é quem mais frequentemente, em todo o país, tem relacionamento extraconjugal. Caia das nuvens: o número é 64%.Oque signi- fica é: coitadas das mulheres. O dado está no livro Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, de Carmita Abdo, publicado em 2004. Toda mulher acha que seu marido é perfeito. Nem desconfia, e se desconfiar é aquela tragédia. O homem trai mais e dissimula mais do que a mulher.

Por que eles traem tanto?Não se pode negar que aqui tem características que facilitam os relacionamentos extraconjugais, tanto para o homem quanto para a mulher. Em primeiro lugar, é regra geral as cidades que não têm mar absorverem muito menos a liberalização sexual. Na cidade à beira-mar, os aspectos culturais são mais facilmente absorvidos.

As pessoas que vivem à beira-mar usam roupas soltas, leves, então os corpos ficam à vista. Isso facilita o erotismo. Você tem ainda a comida. E por cima de tudo esse jeito de ser da baiana.

Mas as mulheres não têm adotado alguns comportamentos antes pertencentes apenas ao universo masculino? Não há mais diferenças de gênero tão pronunciadas. Mesmo assim a mulher baiana, a soteropolitana, tem muito de tradicional. E é engraçado a gente ver isso. Depende do bairro. Naqueles mais tradicionais, mais antigos, elas são mais tradicionais. Na Ribeira mesmo, que no começo do século era a parte chique da cidade, elas são bem mais tradicionais do que, por exemplo, na Pituba.

Eu digo isso porque eu lido com mulheres de todos os bairros. Então, à medida que você vai chegando para um bairro mais livre, mais liberal, onde as mulheres possuem um certo grau de conhecimento- não só condição socioeconômica, mas condição cultural -, abre mais os horizontes e elas querem galgar aquilo que chamamos de equidade.

Então as mulheres de alguns bairros teriam uma maior tendência à traição? Essa é uma consideração muito difícil. Você quer me pôr no fogo. Não é de certos bairros, mas dentro da cidade de Salvador temos regiões, bolsões culturais...

Quando o homem baiano diz 'quero envelhecer ao seu lado', a muler deve acreditar?Que pergunta difícil... Não se pode ouvir muito o homem. Se você quer encantar uma mulher, diga a ela: você é bonita. É profundamente importante o elogio. Agora, o homem precisa ter cuidado ao dizer palavras às mulheres. A mulher adora ouvir: você é linda, a melhor mulher do mundo, a gente teve uma transa maravilhosa.

Mesmo que seja mentira, ela quer que você diga. Se ele diz ‘quero envelhecer com você', se eu fosse mulher eu diria: ‘eu também quero’, e ficaria no olhar. E não simplesmenteme entregaria de corpo e alma.

E o que o homem quer ouvir?Todo homem quer que a mulher diga que ele é bom de cama. Eu sempre digo: elogie o pênis do seu homem, nem que seja uma porcaria. Para o homem é fundamental dizer isso: que ele é bom de cama e tem o sexo magnífico. Isso vence qualquer homem. O segredo da mulher é esse.

E esses cuidados evitam traições? Temos fatores ambientais que formam um pano de fundo que facilita os relacionamentos extraconjugais, que eu diria que facilita as 'insatisfações'. Em 50 anos de medicina, eu escutei vários tipos de mulheres. No começo elas não falavam sobre sexo. Hoje elas dizem: 'doutor, estou fria. Me dê algum remédio senão meu marido me deixa'. E apareceu um novo sentido.

Até 30 anos atrás, os casais se suportavam mais, relevavam mais as coisas. Porque ser separado, separada, era ser estigmatizado pela sociedade. Então o casamento era eterno e se pensava mais no amor, as coisas se aguentavam, mesmo quando não ia bem o aspecto sexual. Hoje o amor existe, é lindo, mas se dá muita importância ao desempenho sexual. A mulher exige do homem seu desempenho sexual. Jamais uma mulher há 30anos se atreveria a exigir isso. Mas hoje não. Ela diz: eu também quero!

Então não foi o apetite feminino que aumentou?Não, o apetite sexual da mulher é igual ao da Eva, desde o começo. Isso é uma coisa biológica e independe da cultura - o que a cultura faz é colocar uma pedra em cima e determinaroquepode e não ser feito. As mulheres jovens estão traindo mais. Segundo pesquisa divulgada em 2008, metade das mulheres entre 18 e 25 anos assume que já foi infiel. E no local de trabalho. É isso: se a mulher fica junto de um cara o tempotodo, de manhã e de tarde. O tempo todo: trabalho, trabalho, trabalho.

Convive mais com ele ou com ela do que com o marido, ou a esposa, tende a ter vínculos mais facilmente. No começo, são vínculos de amizade e se aprofundam à medida que passam a compartilhar sentimentos, ações - como por exemplo odiar o chefe. E esses vínculos próximos, com o fundo social livre, e se ainda o marido não desempenha a contento em casa, a mulher diz: será que ele é que é ruim ou sou eu? Vou ver se sou eu. E aí testa. O desempenho sexual é fundamental hoje em dia para manter os casais unidos. Em outras palavras, sexo é fundamental.

(Trecho de entrevista publicada na edição de 15/02/2008 do jornal CORREIO)

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