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Maysa Polcri
Publicado em 2 de setembro de 2025 às 18:55
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o repasse de R$ 1,731 bilhão para que a quarta parcela relativa aos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) seja paga aos professores da rede estadual da Bahia. A autorização foi feita no dia 19 de agosto, conforme documento acessado pela reportagem. Até agora, no entanto, cerca de 87 mil docentes que têm direito ainda não receberam os valores. >
Representantes da Associação Classista de Educação e Esporte da Bahia (Aceb) se reuniram nesta terça-feira (2) com deputados estaduais para cobrar a liberação dos valores, na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Ainda não há prazo para que a quarta parcela seja paga aos professores, que também pedem um novo abono extraordinário para toda a categoria. >
Têm direito aos precatórios 87.289 profissionais do magistério da Educação Básica, incluindo os que já se desligaram do Estado e herdeiros de servidores falecidos. O pagamento é feito como forma de complemento às verbas do Fundef não repassadas entre 1998 e 2006. Estados como Ceará e Pernambuco anunciaram datas para o repasse da nova parcela em agosto. >
De todo o valor transferido pela União, 60% deve ser utilizado para pagar a dívida com os docentes. O restante da verba fica sob gestão do governo estadual. No ano passado, 30% do valor for destinado ao pagamento de abono extraordinário para toda a categoria. O governador precisa enviar um projeto de lei ao Legislativo para garantir o dinheiro extra a todos os professores. De acordo com representantes sindicais, ainda não há sinalização de que isso ocorra novamente. >
STF autoriza repasse ao governo estadual
"Nós estamos reclamando que o governo faça mais uma vez o abono extraordinário, com os 40% que deve ser destinado para melhorias na educação. O governador, por isso, precisa apresentar o projeto de lei para garantir o pagamento distribuído a todos os servidores da educação que estão na folha de pagamento do Estado", detalha Marinalva Nunes, professora aposentada e presidente da Aceb. Em 2024, o abono foi pago em parcela única no valor de R$ 6.359,61, para quem cumpre carga horária de 40 horas, e R$ 3.179,80, para os profissionais com jornada de 20 horas.>
Os precatórios do Fundef são valores oriundos de julgamento judicial, no qual a União foi condenada a pagar a complementação das verbas do fundo que não foram repassadas pelo Governo Federal para estados e municípios, entre janeiro de 1998 e dezembro de 2006. >
Em coletiva de imprensa no dia 21 de julho, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) afirmou que havia cobrado um posicionamento da União em relação aos repasses. “Estive lá, requisitei, e estamos cobrando e pedindo, mas aguardando a decisão federal”, disse na ocasião. Duas semanas após a autorização do repasse feita pelo STF, no entanto, a data oficial para o pagamento dos precatórios ainda não foi divulgada. >
A Procuradoria Geral do Estado (PGE) disse, em nota, que já encerrou todas as etapas de análises e atendimento jurídico que competiam ao órgão. "A partir deste momento, as novas fases do processo serão conduzidas diretamente pela Secretaria da Educação, responsável pela tramitação administrativa e pela execução das medidas cabíveis", pontua a PGE, que tem como atribuição a consultoria e a assessoria jurídica ao Estado. A Secretaria de Educação da Bahia (SEC) confirmou que não há prazo definido para o pagamento. >
A reportagem também entrou em contato com a Secretaria da Fazenda (Sefaz) e Secretaria da Administração (Saeb) para saber se há informações sobre a data do pagamento da quarta parcela dos precatórios. Até esta publicação, não houve retorno. Além da cobrança dos precatórios e abono extraordinário, entidades sindicais e parlamentares pedem que o governo inclua juros no pagamento dos precatórios do Fundef aos professores. >
No dia 18 de agosto, um projeto de lei foi protocolado na Alba para garantir a inclusão dos juros de mora - penalidade aplicada quando há inadimplência ou atraso no pagamento - no repasse dos precatórios. No texto, de autoria do deputado estadual Hilton Coelho (Psol), o parlamentar ressalta que os juros não foram pagos entre 2022 e 2024. >