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Carol Neves
Publicado em 6 de agosto de 2025 às 10:12
Três professores de universidades baianas estão entre os vencedores do Prêmio Jabuti Acadêmico 2025, concedido pela Câmara Brasileira do Livro a produções de destaque nas áreas científica e cultural.>
Na área de Filosofia, o prêmio foi concedido a João Carlos Salles, professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e também ex-reitor da Ufba. O livro "Gatos, peixes e elefantes: a gramática dos acordos profundos" (Aretê) discute, a partir do pensamento de Ludwig Wittgenstein, os limites do entendimento e as bases dos desacordos profundos.>
João Carlos celebrou também o destaque da Ufba na premiação, mencionando os outros dois vencedores, Jorge Augusto e Naomar de Almeida Filho. "A Ufba teve um resultado expressivo, menciono aqui que também estávamos como finalistas com o livro 'Libras e Surdos: políticas, linguagem e inclusão'. Eu creio que a produção acadêmica da Universidade Federal da Bahia se afirma por sua qualidade e por sua relevância, temas de grande relevância", diz.>
"Para mim, é um grande contentamento. Esse meu livro é o resultado de um pós-doutorado, após ter concluído o meu mandato na reitoria da Ufba, eu me afastei para um pós-doutorado, e esse livro é o resultado", diz. "De certa forma, ele dá continuidade à minha reflexão sobre Wittgenstein, uma reflexão que teve o seu ponto inicial mais marcante na defesa da tese em 1999. Ou seja, já vão algumas décadas que eu tenho trabalhado mais diretamente com Wittgenstein", explica. "Então fica esse contentamento por esse resultado que dá expressão a um estilo, um modo de fazer filosofia que tem um reconhecimento nacional, tem uma importância para a nossa área, o que me gratifica muito especialmente", acrescenta, afirmando que é uma "alegria" e "estímulo" para continuar o trabalho. >
Já na categoria Letras, Linguística e Estudos Literários, o premiado foi Jorge Augusto, professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e do programa de pós graduação do Instituto de Letras da Ufba. Em "Modernismo Negro" (Segundo Selo), o autor propõe uma releitura do modernismo brasileiro a partir da centralidade de autores e tradições negras, deslocando a narrativa dominante sobre o movimento literário.>
"Eu recebi a notícia com alegria. E dentre os muitos motivos dessa alegria está ganhar o prêmio tendo sido publicado por uma editora da periferia de Salvador, do bairro da Liberdade, a Editora Segundo Selo, e de ser um livro construído em intensivo diálogo com a cena cultural e intelectual, negra, da Bahia e do Brasil. Uma conversa com muitos pesquisadores poetas e intelectuais baianos que conferem, para mim, um sabor especial ao prêmio", celebra Jorge Augusto. "Fico feliz porque acredito que na Bahia hoje temos uma cena fundamental da crítica literária brasileira e eu converso diretamente com essa crítica de homens e mulheres negras, para fazer o livro"..>
O livro é centrado na obra de Lima Barreto e isso também é destacado pelo professor. "Além disso uma alegria profunda por conseguir dialogar de forma consistente com o trabalho desse enorme Lima Barreto, tentando trazer novas perspectivas sobre sua obra, e, através dela, sobre a literatura brasileira e a literatura negra". >
"Modernismo Negro" foi publicado pela editora Segundo Selo, que em quatro anos chega a sua terceira final nos grandes prêmios brasileiros - 2002 foi finalista do Prêmio Jabuti com Tatiana Nascimento e 2023 do Prêmio Oceanos com Ricardo Aleixo. Agora, ganha o Jabuti Acadêmico com Jorge Augusto. "É muito difícil para uma editora pequena como é a Segundo Selo emplacar um prêmio desse. E a editora publica pessoas negras há 12 anos em Salvador e na Bahia", destaca>
Por fim, Naomar de Almeida Filho, professor do Instituto de Saúde Coletiva e também ex-reitor da Ufba, conquistou o primeiro lugar na categoria Enfermagem, Farmácia, Saúde Coletiva e Serviço Social. A obra premiada, "Epidemiologia no Pós-Pandemia: de ciência tímida à ciência emergente" (Editora Fiocruz), analisa os impactos da pandemia de covid-19 sobre os paradigmas da epidemiologia contemporânea. >