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Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2022 às 14:46
Foram suspensas nesta segunda-feira (2) as inscrições para o concurso público da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). A seleção teria início nesta mesma data, mas antes da sua abertura foi emitida uma portaria pela reitoria, anunciando que o processo não seria mais realizado até divulgação de nova versão do ato convocatório. >
"A medida se fez necessária visando a modificação do modo de aplicação dos percentuais previstos em Lei para vagas destinadas a pessoas com deficiência e autodeclarado preto ou pardo constante do Edital, nas Disposições preliminares, no Item 1", explicou a instituição por meio de nota.>
Ao todo serão 49 vagas, sendo 4 para professor auxiliar e 45 para os assistentes. O edital divulgado anteriormente previa que, das vagas oferecidas por áreas de conhecimento/matérias, 5% deveriam ser reservadas aos candidatos com deficiência. Além disso, 30% delas seriam destinadas a candidatos que se autodeclararem pretos ou pardos. Não foram informados quais os novos números adotados pela instituição.>
O concurso, que ainda não tem nova data de realização, será para a contratação permanente de professores auxiliares e assistentes, nível "A". O certame terá etapas de prova escrita; prova didática (aula pública); plano de trabalho e prova de títulos. >
As inscrições, quando estiverem abertas, serão feitas exclusivamente feitas pela internet. O prazo, se mantido, será até as 15h30 do dia 2 de junho de 2022. Para participar, basta o candidato preencher o formulário do requerimento de inscrição disponível no site da Uesc e pagar a taxa de inscrição, que custa R$ 195. Terão direito à isenção desse valor os candidatos que são inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) ou doadores de medula óssea em entidades reconhecidas pelo Ministério da Saúde.>
Mudanças As mudanças no edital ocorrem após uma recomendação do Ministério Público divulgada na última quinta-feira (28). O órgão solicitou que as universidades estaduais baianas cumpram sistema de cotas na contratação de professores. >
O pedido feito à Universidades do Estado da Bahia (Uneb), estaduais de Feira de Santana (Uesf), do Sudoeste da Bahia (Uesb) e de Santa Cruz (Uesc), pontua que as unidades de ensino devem respeitar a determinação legal de reserva de 30% da totalidade de vagas para candidatas e candidatos negras e negros.>
O documento expedido pela promotora de Justiça Lívia Vaz recomenda que nos editais de concurso para professores das universidades seja previsto, expressamente, o quantitativo total de vagas para cada cargo, afirmando, necessariamente, quantas delas serão destinadas à ampla concorrência e quantas serão reservadas às cotas raciais. Além disso, o MP recomenda que, caso as universidades tenham publicado editais antes, sem atender a esses quesitos, elas devem "suspender e revisar o ato para o devido cumprimento das determinações legais”.>
De acordo com a promotora de Justiça Lívia Vaz, as universidades estaduais da Bahia têm adotado uma sistemática de seleção de modo departamentalizado, fracionando as vagas por departamento, o que vem ocasionando uma “restrição indevida no número de vagas reservadas a candidatas e candidatos da população negra, o que desconsidera a totalidade de vagas previstas nos respectivos editais”. Segundo Lívia Vaz, a prática viola o Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia, de 2014, que determina que "a reserva de vagas para a população negra nos concursos públicos e processos seletivos para provimento de pessoal no âmbito da Administração Pública Direta e Indireta Estadual corresponda, no mínimo, a 30% das vagas a serem providas".>
“As normas fixam os limites das vagas oferecidas à população negra nos concursos públicos por cargo e não por disciplina a ser ministrada ou por localidade, sendo que tal departamentalização prevista nos editais constituem restrição ilegal a candidatas e candidatos negras e negros”, explicita a promotora de Justiça.>