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Da Redação
Publicado em 29 de novembro de 2017 às 08:18
- Atualizado há 2 anos
Pré-candidato do PSDB à Presidência, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, confirmou nesta terça-feira, 28 que os tucanos vão desembarcar do governo quando ele assumir o comando do partido, o que deve ocorrer na convenção do próximo dia 9. O tom das declarações de Alckmin incomodou o Palácio do Planalto e levou o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), a cobrar respaldo na transição até 2018. O presidente Michel Temer vai conversar com o governador, no próximo sábado, em Limeira (SP), para acertar quando será a saída do PSDB.>
O desconforto no Planalto foi provocado principalmente pelo fato de Alckmin dizer que, se dependesse dele, a sigla nem teria se aliado a Temer. "Eu sempre fui contra participar do governo. Acho que não tinha razão para o PSDB participar, indicar ministro", afirmou o governador, em entrevista à Rádio Bandeirantes.>
Alckmin lembrou que o tucano Bruno Araújo já deixou o Ministério das Cidades, disse que "outros terão de sair pelo prazo de desincompatibilização" e pregou uma "política diferente" de agora em diante. "Mas votaremos medidas de interesse do País, independentemente de termos cargos, ministérios ou participar do governo", insistiu.>
Questionado se o PSDB abandonaria Temer, Alckmin foi evasivo. "Abandonar no sentido de não ter compromisso, não. Porque temos compromisso, responsabilidade e temos de dar sustentação na Câmara e votar projetos de interesse do País", argumentou ele.>
Na avaliação de auxiliares de Temer, o governador começou a dar "sinais dúbios" em sua campanha. O Planalto e a cúpula do PMDB têm interesse em montar uma frente de centro-direita com partidos como PSDB, DEM, PP, PR, PSD e PRB para disputar a eleição presidencial de 2018, mas ainda há um clima de mágoa e desconfiança em relação aos tucanos.>
"Prefiro acreditar que o PSDB vai ter juízo e somar forças para ajudar a gente a concluir essa transição. Alckmin tem de conversar com os outros partidos e dizer a que veio", afirmou Jucá. "Existe chance para fazermos uma coligação com os tucanos, mas isso depende das ações. Queremos saber, por exemplo, como o PSDB vai votar na reforma da Previdência. Na política, os atos valem mais do que as palavras.">
Embora Alckmin tenha falado novamente em desembarque, na prática não se sabe como será essa saída. O ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, deve ser substituído pelo deputado Carlos Marun (PMDB), mas pode ser deslocado para outro posto na equipe. Luislinda Valois (Direitos Humanos) vai deixar o cargo em breve e Aloysio Nunes Ferreira permanecerá no Itamaraty.>
"Essa questão do desembarque já está superada. É um falso dilema Falta só marcar a data", amenizou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), principal fiador da participação dos tucanos na gestão Temer. "Levar esse tema à convenção é um desrespeito ao próprio PSDB. O que temos de discutir é o leque de alianças que o PSDB deve buscar.">
'Jim Jones' Para Jucá, o governador de São Paulo terá o desafio de enfrentar a pressão dos chamados "cabeças-pretas", que defendem o afastamento do governo, se quiser ter mais adiante o apoio do PMDB. "Os cabeças-pretas querem que Alckmin tome o ponche do Jim Jones", ironizou o senador, em uma referência ao pastor que convenceu mais de 900 pessoas a se matar na Guiana, em 1979.>
Na avaliação do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), pré-candidato ao governo da Bahia, o fato de o PSDB "se arrumar" internamente é o primeiro passo para a construção de uma aliança em 2018. "Mas isso não significa que as coisas serão automáticas Se quiser parceria, em algum momento o PSDB terá de nos procurar", disse ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.>