Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Neves
Publicado em 22 de novembro de 2025 às 11:24
A família da menina de 7 anos morta pela madrasta na Estrutural, no Distrito Federal, afirma que a criança vinha demonstrando medo de voltar para a casa do pai dias antes do crime. A mãe de Rafaela Marinho, Fabiana Marinho, contou que a última conversa com a filha ocorreu justamente na véspera do assassinato. Segundo ela, a menina pediu para viver novamente com a família materna, em Valparaíso de Goiás. >
“Eu falei: ‘Amanhã, a mamãe vai te buscar’. E fui buscar minha filha morta”, desabafou Fabiana.>
A irmã mais velha da criança, que prefere não se identificar, confirmou que o desconforto da menina não era novo. Ela relata que, no início da semana, a criança chorou quando soube que precisaria voltar para a casa do pai, onde vivia durante a semana por causa da escola. “Ela falava: ‘Eu não quero ir [para a casa do pai]’”, contou.>
Rafaela foi morta pela madrasta
Segundo essa irmã, a menina também já havia mencionado episódios envolvendo a madrasta, Iraci Bezerra dos Santos Cruz. Ela lembra que, em uma dessas conversas, a criança relatou à mãe uma acusação grave: “Uma vez ela chegou e falou para a minha mãe: ‘Mãe, minha madrasta tentou matar meu pai, botou veneno para ele comer’”, disse.>
A mãe afirma que já percebia sinais de agressividade na madrasta e diz ter sido informada de que ela estaria sob efeito de drogas havia dias. Para Fabiana, o pai foi negligente por manter a filha na casa. “Se ele tivesse protegido ela, não tinha acontecido isso”, afirmou. Ela descreve a menina como “amorosa, carinhosa, educada, sensível”.>
A irmã reforça que a criança jamais teria condições de reagir. “Ela não tinha maldade com ninguém. Era uma criança sem defesa”, lamenta.>
No depoimento prestado após o crime, o pai afirmou que a convivência entre a filha e a madrasta era “dentro da normalidade” e que Iraci morava com eles havia cerca de um ano.>
A suspeita, que confessou o homicídio, também tinha um mandado de prisão em aberto no Pará por outro assassinato. A Polícia Civil enquadrou o caso como feminicídio com incidência da Lei Henry Borel e agravantes como meio cruel, motivo fútil, relação de madrasta, impossibilidade de defesa e vítima menor de 14 anos. A pena pode chegar a 40 anos.>
Iraci segue presa e passará por audiência de custódia.>