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Ataque fatal de onça pode estar ligado a relação predatória com o meio ambiente, diz especialista

Animal foi capturado na madrugada dessa quinta-feira (24)

  • Foto do(a) author(a) Tharsila Prates
  • Foto do(a) author(a) Estadão
  • Tharsila Prates

  • Estadão

Publicado em 25 de abril de 2025 às 23:41

A onça-pintada capturada no Mato Groso do Sul
A onça-pintada capturada no Mato Groso do Sul Crédito: Divulgação/ Governo do Mato Grosso do Sul

Usando armadilhas, equipes da Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul capturaram na madrugada de quinta-feira (24) a onça que atacou o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, às margens do rio Miranda, em Aquidauana (MS), três dias antes. O homem foi atacado no pesqueiro Touro Morto, onde trabalhava, no entorno do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro. A região está no "coração" do Pantanal sul-mato-grossense.

Touro Morto fica localizado na zona rural da cidade de Aquidauana, que recebeu o nome por conta do rio. A área abriga inúmeras espécies de animais, e a vegetação é típica de ambientes que alternam entre períodos úmidos no verão e de estiagem no inverno.

Biólogos dizem que a onça-pintada não é um animal considerado perigoso para os seres humanos. Segundo o professor e pesquisador Gediendson Araújo, especialista em animais de grande porte do Reprocon (Reprodução para Conservação), o ataque da onça-pintada ao caseiro é considerado atípico, mas pode estar relacionado ao histórico da relação predatória da sociedade com o meio ambiente. 

"O animal perdeu o medo de ver o homem como um predador e acabou tendo essa situação com esse desfecho. Então, a coisa é incomum de acontecer, são poucos os relatos, e é uma pena que teve uma perda humana", disse o especialista, que deu apoio à ação de captura.

A prática da ceva (alimentação de animais silvestres por humanos), com fins turísticos, é um dos fatores que podem "desregular" o ambiente das onças e provocar esse tipo de ataque.

"Uma das poucas certezas até o momento é a de que havia oferta de alimento, conhecido como ceva, para atrair animais silvestres no local. A prática, além de configurar crime ambiental, é extremamente perigosa, pois pode provocar alterações no comportamento natural dos animais", explicou o coronel José Carlos Rodrigues, comandante da Polícia Militar Ambiental, em coletiva de imprensa na quarta-feira (23).

A vítima, no entanto, era uma pessoa muito conhecida e respeitada na região. “Ele sempre se mostrou disposto a colaborar com o trabalho dos policiais, além de manter bom relacionamento com turistas e moradores locais”, complementou Rodrigues.

Caseiro Jorge Avalo tinha 60 anos Crédito: Reprodução

O secretário-executivo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Artur Falcette, afirmou que a pasta recebeu relatos de outros grupos que estariam se organizando para caçar o animal.

"Nós temos um histórico, especialmente no Pantanal, muito positivo da interação dos produtores com a fauna. A gente tem que evitar que oportunistas, caçadores, gente que quer se aproveitar desse fato para atuar na caça, que isso aconteça. Então o Estado está redobrando a atenção. Esse é um crime ambiental gravíssimo, a caça de animais silvestres. E a gente vai tratar com o rigor da lei qualquer coisa nesse sentido, porque a gente tem absoluta convicção que não são produtores rurais, não são cidadãos de bem que estão se organizando no entorno dessas ações", disse.

A onça

O animal é um macho de 94 quilos e foi capturado por volta das 4h dessa quinta-feira (24), na região onde ocorreu o ataque ao caseiro, encontrado morto na manhã de segunda-feira (21), próximo ao pesqueiro.

Além dos exames para verificar o estado de saúde do animal, que está abaixo do peso – deveria pesar em torno de 120 quilos –, também será feita uma investigação pela Polícia Civil, para confirmar o ataque que causou a morte do caseiro.

O CRAS vai realizar todos os procedimentos de saúde no animal, com coleta de materiais para análise e também realização de exames de imagens. “Para fazer toda a parte de check-up e de saúde. Como é um caso muito atípico, a partir da avaliação clínica e de sanidade, vamos ver qual doença que ele tem, porque não é normal o animal desse porte estar tão magro, e assim podemos tentar relacionar ao caso”, explicou o pesquisador Gediendson Araújo.