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Avião da Voepass que caiu matando 62 teve falha no sistema de degelo antes de decolar, diz site

Ex-funcionário disse em entrevista que havia pressão para manter o avião em uso

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 2 de agosto de 2025 às 09:13

Avião da Voepass caiu em Vinhedo, matando 62 pessoas
Avião da Voepass caiu em Vinhedo, matando 62 pessoas Crédito: Reprodução/EPTV

Quase um ano após a queda de um avião da Voepass que matou 62 pessoas, o depoimento de um ex-auxiliar de manutenção traz à tona um detalhe ignorado nos momentos que antecederam o desastre. O piloto do voo anterior ao acidente, ocorrido em 9 de agosto de 2024, relatou uma falha no sistema de degelo, que deveria ter impedido a decolagem, mas o problema não foi registrado no technical log book (diário de bordo técnico), segundo o relato divulgado em reportagem do portal G1.

De acordo com a testemunha, o comandante relatou ter acionado o sistema de degelo, que deveria impedir a formação de gelo durante o voo, várias vezes, mas o dispositivo desligava sozinho. Embora isso tenha sido reportado verbalmente ao time de manutenção em Ribeirão Preto, sem o registro formal no TLB, a liderança ignorou o alerta e autorizou os voos seguintes.

A sequência que culminou no acidente envolve uma série de falhas operacionais. O ex-funcionário relata que, desde Guarulhos até o pouso em Ribeirão Preto por volta da 1h da madrugada, havia pressão para manter o avião ativo. Ele afirma que a empresa não queria aeronaves paradas, alegando prejuízo financeiro, o que gerou sobrecarga na equipe e adiamento de revisões corretivas mesmo diante de falhas conhecidas.

Destroços do acidente aéreo que envolveu avião da Voepass que ocorreu em Vinhedo interior de São Paulo por Secretária de Segurança de São Paulo/Divulgação

Segundo ele, a aeronave partiu de Ribeirão por volta de 5h30 da manhã, retornou a Guarulhos e, em seguida, decolou para Cascavel às 8h20. O acidente ocorreu no retorno de Cascavel, quando o ATR 72-500 caiu em Vinhedo às 13h22. Dados da caixa-preta indicam que o botão de degelo foi acionado três vezes durante o voo, mas não funcionou, um elemento crucial para entender as causas do desastre.

Especialistas explicam que sistemas de degelo são fundamentais em altitudes com formação de gelo, já que esse fenômeno compromete a aerodinâmica, sustentação e peso da aeronave. Se o sistema estiver inoperante, o voo não deveria ser autorizado.

A perícia do Cenipa registrou menção ao congelamento (“bastante gelo”) em conversas entre os pilotos minutos antes do impacto. Já a PF investiga se houve crimes por omissão ou negligência. O delegado-chefe em Campinas afirma saber os fatores mecânicos por trás da queda, mas ainda busca identificar quem teria responsabilidade pela decisão de voar com risco conhecido, os procedimentos que falharam e eventual violação dos protocolos.

A Anac, por sua vez, informa que acompanha o caso desde 2024 por meio de auditorias. Os processos de apuração seguem em curso e, se confirmadas irregularidades, poderão resultar em sanções aos responsáveis. A Voepass, em nota, disse que nunca havia sofrido desastre em mais de 30 anos de operação e afirmou priorizar a segurança, mas não comentou especificamente as falhas apontadas pelo ex-funcionário. Leia a nota:

No dia 9 de agosto de 2024, vivemos o episódio mais difícil de nossa história. A queda do voo 2283, na região de Vinhedo (SP), resultou em perdas irreparáveis. Um ano depois, seguimos solidários às famílias das vítimas, compartilhando uma dor que permanece presente em nossa memória e em nossa atuação diária. Em mais de 30 anos de operações na aviação brasileira, jamais havíamos enfrentado um acidente.

Desde o início de nossa trajetória, sempre priorizamos a segurança, o respeito à vida e a integridade em todas as nossas decisões. A tragédia nos impactou profundamente e mobilizou toda a nossa estrutura, humana e institucional, para garantir apoio integral às famílias, nossa prioridade.

Nas primeiras horas após o acidente, formamos um comitê de gestão de crise e trouxemos profissionais especializados — psicólogos, equipes de atendimento humanizado, autoridades públicas, seguradoras, além de suporte funerário e logístico.

Desde o início, nosso cofundador, José Luiz Felício Filho, esteve à frente das ações, participando pessoalmente das reuniões com os familiares. Também apoiamos a participação das famílias na primeira reunião oficial com o CENIPA para a apresentação do relatório preliminar.

Temos atuado de forma transparente junto às autoridades públicas e seguimos empenhados na resolução das questões indenizatórias, já em estado bastante avançado. Mantemos o suporte psicológico ativo e continuamos apoiando homenagens realizadas pelas famílias ao longo deste ano. Nos solidarizamos com toda a forma de homenagem às vítimas do acidente.

Seguimos colaborando com as investigações em andamento, reafirmando nosso compromisso com a apuração dos fatos e contribuindo com a melhoria contínua nos processos de segurança da operação aérea. Continuamos caminhando com responsabilidade, humanidade e empatia. Nossa solidariedade permanece firme — com os familiares das vítimas, com toda sociedade brasileira.