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Larissa Almeida
Publicado em 27 de julho de 2025 às 08:00
Um dos ensinamentos que são aprendidos desde a infância é que não se pode pular o café da manhã. A justificativa sempre foi que a refeição é a mais importante do dia e que, por isso, deveria ser a mais reforçada. A reportagem buscou especialistas para entender se a máxima é realmente verdade e adianta, desde já, que as respostas foram unânimes. >
De acordo com a médica nutróloga Suzana Viana, o café da manhã ganhou o status de principal refeição por conta de alguns fatores que não podem ser desconsiderados. Entre eles, está a energia que a refeição fornece para o corpo no restante do dia. “O café da manhã pode fornecer a energia e os nutrientes necessários para começar o dia, ajudando na concentração e no desempenho. Além disso, consumir uma refeição pela manhã pode ajudar a ativar o metabolismo e regular o apetite ao longo do dia”, destaca. >
Ela ainda afirma que, quem toma o café da manhã tende a fazer escolhas alimentares mais saudáveis ao longo do dia, mas, apesar dos benefícios, não há uma regra que estabeleça para todos a maior importância desta primeira refeição em detrimento das demais. >
“Algumas pesquisas indicam que o café da manhã pode ter benefícios para a saúde, enquanto outras não mostram diferença significativa para pessoas que pulam essa refeição. Logo, a importância do café da manhã pode variar de pessoa para pessoa, dependendo das necessidades nutricionais, horários e estilo de vida”, frisa. >
Para quem costuma acordar tarde e acha imprescindível tomar um café na hora do almoço, só para não pular a refeição, a recomendação do médico Gabriel Mendes é analisar bem os objetivos que se quer com o próprio corpo. “A escolha de compensar ou não a refeição do café da manhã deve ser personalizada, levando em consideração o estilo de vida, o objetivo de saúde ou desempenho, e a resposta metabólica de cada indivíduo”, pontua. >
“Para quem busca emagrecimento ou melhora da saúde intestinal, pular o café da manhã pode ser uma estratégia válida, desde que seja feita de forma consciente e compatível com as necessidades específicas”, diz. >
A opinião do médico é baseada em estudos recentes. Ele cita uma revisão publicada em 2021 na revista médica Nature Reviews Endocrinology, que destaca que o jejum intermitente, que muitas vezes implica pular o café da manhã, pode ser eficaz para melhorar a sensibilidade à insulina, promover perda de peso e beneficiar a saúde metabólica, especialmente em indivíduos sedentários ou com resistência à insulina. >
Acrescenta ainda que pesquisas indicam que o que realmente importa é a qualidade e o tempo certo geral das refeições ao longo do dia, não a obrigatoriedade de uma refeição específica. Por outro lado, para algumas pessoas, especialmente aquelas com hipoglicemia de jejum ou que praticam atividades físicas intensas pela manhã, o café da manhã pode ser importante para garantir o desempenho e evitar episódios de hipoglicemia. >
Para começar o dia com uma boa escolha alimentar e iniciar o metabolismo da melhor forma, Júlia Mascarenhas, nutricionista da Nutrition’all, defende o consumo de boas fontes de carboidrato, proteína e frutas para que possam ser bem aproveitadas pelo corpo para fornecer energia e regular o apetite nas próximas refeições. >
“Entre os carboidratos, destaco aipim, batata doce, inhame, fruta-pão e banana da terra. Entre as proteínas, ovos, frango, carne, queijos magros, Whey Protein. Entre as gorduras, omelete, abacate e coco”, indica. >
Os alimentos a serem evitados, segundo a especialista, são aqueles que possam gerar pico de glicemia, como pão branco, bisnaguinha, biscoito, sucrilhos, bolos caseiros e bolachas. “Eles podem gerar um efeito rebote em seguida e não sustentam a saciedade, gerando fome logo em seguida. Além deles, alimentos industrializados e embutidos, tais como: suco de caixinha, presunto e salsicha, já que altera a saúde intestinal e dificulta a digestão”, explica. >
Para montar o cronograma de refeições ideal, ela indica que cada um respeite o ritmo do próprio corpo, não se obrigando a comer de três em três horas. Pela manhã, recomenda o consumo de uma refeição mais completa, já que os níveis de cortisol estão mais altos, o que significa que o corpo está mais “ligado” e precisa de energia estável. >
À tarde, ocorre uma leve queda de energia, o que é ideal para lanches mais leves. À noite, inicia-se a produção de melatonina (hormônio do sono), por isso refeições leves ajudam na indução do sono e na digestão tranquila. “Sempre sugiro que em toda refeição haja um consumo de proteínas, evitando longos períodos de jejum, especialmente à tarde, para não gerar compensações à noite”, finaliza. >