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Da Redação
Publicado em 23 de fevereiro de 2019 às 20:06
- Atualizado há 2 anos
Os dois caminhões com ajuda humanitária que estavam na fronteira do Brasil com a Venezuela neste sábado, 23, foram movidos para um local afastado da divisa dos dois países diante da possibilidade de tumultos na região.>
A decisão foi tomada horas depois de confrontos na cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén entre manifestantes venezuelanos e Guarda Nacional Bolivariana (GNB) que deixaram ao três mortos e mais de 30 feridos segundo relatos de deputados opositores e de uma ONG de defesa dos direitos humanos.>
Yuretzi Idrogo, deputada venezuelana exilada no Brasil, afirmou à agência EFE que a decisão de levar os caminhões carregados com alimentos e remédios de volta ao território brasileiro - ambos estavam algumas dezenas de metro dentro da Venezuela - foi uma "precaução para evitar possíveis conflitos". "A ideia é que essa ajuda entre pacificamente e sem nenhuma violência.">
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Algumas centenas de manifestantes antichavistas se reuniram no lado brasileiro da fronteira e se mostraram dispostos a acampar na região até que o bloqueio das autoridades venezuelanas seja rompido e seja autorizada a entrada do carregamento. Um pequeno grupo, no entanto, rompeu com o clima pacífico que perdurou durante quase todo o dia e começou a lançar pedras contra os militares venezuelanos.>
Diante deste panorama, os dois caminhões retrocederam, passaram novamente pelo posto brasileiro de controle de fronteira e voltaram para Pacaraima.>
Pouco depois, manifestantes venezuelanos que estavam em território brasileiro incendiaram veículos estacionados em um posto de combustíveis a poucos metros do posto aduaneiro já no território da Venezuela.>
Os militares da GNB, que até então não tinham reagido às provocações, avançaram em direção ao manifestantes, lançando pedras, bombas de gás lacrimogêneo e disparando balas de borracha contra a multidão.>
"Lamentamos profundamente tudo o que está ocorrendo na fronteira e esperamos um solução pacífica para as questões. No entanto, tudo ocorre no lado venezuelano e não podemos fazer nada, a não ser observar e prestar apoio aos venezuelanos do lado de cá da fronteira", disse um porta-voz do Exército brasileiro ao Estado.>
"No lado brasileiro, vamos apoiar os venezuelanos, mas manteremos a ordem. A Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional de Segurança Pública estão atentas para mantermos a situação de normalidade.">
Uma fonte do Exército ouvida de forma anônima pela reportagem afirmou que a reação da GNB aos manifestantes venezuelanos surpreendeu pelo fato de os soldados terem chegado tão perto do território brasileiro.>
Os militares brasileiros criaram uma barreira atrás da fronteira para que os manifestantes venezuelanos pudesse recuar e a situação acalmar-se para evitar uma escalada desnecessária.>
Entrada simbólica A fronteira do Brasil com a Venezuela, entre Pacaraima e Santa Elena de Uairén, permanece fechada desde sexta-feira por ordens do presidente Nicolás Maduro para não permitir a passagem dos veículos com ajuda humanitária.>
A decisão, no entanto, não impediu que os dois caminhões com placas venezuelanas chegassem neste sábado até o limite fronteiriço dos dois países depois de viajarem de Boa Vista, capital de Roraima, onde o governo brasileiro em cooperação com os EUA reuniu cerca de 200 toneladas de alimentos e remédios.>
Os dois veículos, que só conseguiram transportar uma pequena parte dessas 200 toneladas, permanecerem por várias horas em uma zona considerada neutra e a cerca de 300 metros do posto de controle venezuelano, que ficou o dia todo sob vigilância de militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB).>
Mortes e feridos>