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Perla Ribeiro
Publicado em 29 de maio de 2025 às 11:28
No início, é um cansaço extremo. Depois um tropeço, dificuldade para caminhar. Sucedem-se episódios de confusão mental. São sintomas que, muitas vezes, a pessoa releva, embora se tornem mais constantes. E quando buscam o diagnóstico, resvala em muitas outras doenças por serem característicos delas, mas na verdade resultam de uma doença pouco conhecida, cuja causa ainda é um mistério e é incurável: a esclerose múltipla. O 30 de maio é marcado por ser o Dia Mundial da Esclerose Múltipla, para chamar a atenção das pessoas quantos à doença, pois, quanto antes for diagnosticada, mais cedo será possível iniciar o tratamento e a reabilitação. Ao menos 40 mil brasileiros convivem com a esclerose múltipla (EM) no país, segundo o Ministério da Saúde. >
“O diagnóstico da esclerose múltipla é muito difícil, mesmo para quem está doente. Ainda há muita confusão sobre o que realmente é e o que ela causa ao nosso organismo”, afirma o médico fisiatra Eduardo Rocha, diretor da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (ABMFR). A esclerose, segundo Rocha explica, é uma doença crônica que atinge o cérebro e a medula espinhal e, embora o nome esclerose seja associado ao envelhecimento, não é resultado do avançar da idade, mas sim um processo inflamatório do corpo contra as células do nosso sistema nervoso.>
As causas são desconhecidas, porém, o fisiatra destaca que há consenso na medicina de que fatores genéticos, associados ao nosso estilo de vida e fatores ambientais podem contribuir para o desenvolvimento da doença. Estudos constataram, por exemplo, que incidência muito maior em regiões mais frias do que quentes, como as tropicais. O médico enfatiza ser fundamental as pessoas conhecerem a esclerose múltipla para identificarem suas várias manifestações clínicas, passíveis de ocorrer ao longo da vida e que a levam a se confundir com outras doenças.>
“Seus sintomas são característicos também da miastenia gravis, a neuromielite óptica, a fibromialgia, a doença de Behçet e a vasculite do sistema nervoso central, entre outras”, enumera o fisiatra. Segundo o diretor da ABMFR, a esclerose múltipla começa a afetar as pessoas a partir dos 20 anos, mas com manifestações mais claras no organismo aos 40, 45 anos. É justamente a faixa etária de algumas das personalidades que enfrentam a doença, como as atrizes brasileiras Guta Stresser, Claudia Rodrigues e Ana Beatriz Nogueira e as americanas Selma Blair e Christina Applegate.>
Mais recentemente, a modelo e apresentadora Carol Ribeiro revelou estar doente e seu relato demonstra claramente a dificuldade que as pessoas têm para identificar a doença, adiando o diagnóstico. “Quando eu estava desfilando, um passo ou outro falhava. Quando falava, às vezes, as ideias embaralhavam. Era o corpo me avisando, mas eu empurrava", conta Carol. “Na correria do trabalho, preferi acreditar que os sintomas eram fruto de estresse, menopausa ou até síndrome do pânico”, completa.>
Tratamento e reabilitação física>
Apesar de ainda não existir uma cura definitiva para a esclerose múltipla, o tratamento é capaz de proporcionar uma boa qualidade de vida ao paciente. Envolve o médico neurologista, que realiza o diagnóstico e define medicamentos para reduzir a inflamação das fibras nervosas e a ocorrência de surtos, e o médico fisiatra, que avalia o paciente e elabora um plano de reabilitação personalizado, que envolve outros profissionais de saúde.>
Rocha pontua que o tratamento foca em atenuar os sintomas e desacelerar a progressão da esclerose múltipla. “Devemos nos lembrar de que hoje vivemos 70, 80 anos, portanto as pessoas normalmente vão viver muito tempo com a doença, necessitando da reabilitação física para, por exemplo, melhorar o equilíbrio e a força muscular, entre outros benefícios”, afirma o médico fisiatra. “O nosso objetivo é garantir a autonomia do paciente para que continue trabalhando, desfrute de suas atividades de lazer e preserve sua vida social e em família”, completa. O processo de reabilitação física envolve, além do médico fisiatra, enfermeiro, fonoaudiólogo, psicólogo, nutricionista e educador físico, entre outros.>
Sinais característicos da esclerose múltipla:>