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Caso Ângela Diniz: o crime que fez o Brasil questionar a ‘defesa da honra’

Assassinato de socialite é tema de nova série da HBO, com Marjorie Estiano

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 13 de novembro de 2025 às 06:01

Ângela Diniz
Ângela Diniz Crédito: Reprodução

Quase cinco décadas depois do crime que escandalizou o país, o caso de Ângela Maria Fernandes Diniz volta a ser recontado. A minissérie Ângela Diniz: Assassinada e Condenada, da HBO, estreia nesta quinta-feira (13) e revisita um dos episódios mais emblemáticos da história judicial e social brasileira - o assassinato da socialite mineira por Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street, em 1976.

Ângela Diniz era uma das figuras mais conhecidas da elite carioca dos anos 1970. Nascida em Curvelo (MG), mãe de três filhos e apelidada pela imprensa de “Pantera de Minas”, ela se tornou símbolo de independência feminina em uma época em que comportamentos fora dos padrões tradicionais ainda eram duramente criticados. O relacionamento com Doca Street, no entanto, marcou o início de uma sequência de episódios de ciúme e violência.

Ângela Diniz por Reprodução

O crime aconteceu em 30 de dezembro de 1976, na casa de veraneio que o casal alugava na Praia dos Ossos, em Armação dos Búzios (RJ). Durante uma discussão, Doca atirou quatro vezes contra Ângela - três disparos atingiram o rosto e um a nuca. Ela morreu no local. Doca fugiu em seguida e só se entregou semanas depois.

O julgamento, realizado em 1979, escancarou o machismo estrutural da sociedade e da Justiça brasileira. A defesa de Doca Street sustentou a tese de “legítima defesa da honra”, argumentando que ele teria agido movido por uma suposta “ofensa moral” causada por Ângela. O júri aceitou a argumentação, e o réu recebeu pena branda, com direito à liberdade provisória.

A sentença gerou forte reação popular e mobilizou movimentos feministas em todo o país, que passaram a usar o slogan “Quem ama não mata”. Em 1981, após novo julgamento, Doca foi condenado a 15 anos de prisão, mas cumpriu apenas parte da pena, saindo em liberdade condicional alguns anos depois.

O caso se tornou um marco na luta contra a violência de gênero no Brasil. A discussão sobre a “defesa da honra” voltou a ganhar força nos anos seguintes e foi definitivamente derrubada pelo Supremo Tribunal Federal apenas em 2021, quando o tribunal considerou a tese inconstitucional.

Série

A nova produção da HBO, dirigida por Andrucha Waddington e realizada pela Conspiração Filmes, busca reconstruir o contexto histórico e social do crime. A série é inspirada no podcast *Praia dos Ossos*, da Rádio Novelo, que reabriu o debate sobre o papel da mídia e da Justiça no julgamento.

Com seis episódios, *Ângela Diniz: Assassinada e Condenada* promete resgatar não só a trajetória da vítima, mas também o impacto que seu assassinato teve no movimento feminista brasileiro e na forma como o país passou a enxergar os crimes cometidos contra mulheres. Os dois primeiros episódios ficam disponíveis hoje e os demais estrearão semanalmente. 

Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, enquanto Emílio Dantas vive Doca Street. O elenco ainda conta com Antônio Fagundes como o advogado Evandro Lins e Silva, além de nomes como Thiago Lacerda, Camila Márdila, Yara de Novaes, Renata Gaspar, Thelmo Fernandes e Joaquim Lopes.

Tags:

Crime Ângela Diniz