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Chegada da menopausa tem relação com gordura no fígado? Entenda por que você precisa se preocupar

Cansaço, desconforto abdominal ou alterações leves nos exames laboratoriais estão entre os sintomas da gordura no fígado

  • Foto do(a) author(a) Perla Ribeiro
  • Foto do(a) author(a) Agência Einstein
  • Perla Ribeiro

  • Agência Einstein

Publicado em 15 de julho de 2025 às 12:23

O chá de valeriana auxilia na redução dos sintomas causados pela alteração hormonal da menopausa (Imagem: Fizkes | Shutterstock)
Chegada da menopausa tem relação com gordura no fígado? Entenda por que você precisa se preocupar Crédito: Imagem: Fizkes | Shutterstock

A menopausa é sinônimo de múltiplas transformações no corpo da mulher. O que muita gente não sabe é que as transformações hormonais e metabólicas vão além dos tradicionais calores, insônia ou alterações de humor. Nesse período, uma dessas mudanças pode ser a presença da esteatose hepática, popularmente conhecida como gordura no fígado. Ainda pouco associada ao climatério, a condição pode trazer riscos importantes à saúde, como fibrose, cirrose e até câncer de fígado, especialmente quando não diagnosticada ou tratada a tempo.

A relação da menopausa com a gordura no fígado está diretamente associada a um fator hormonal. “A mulher tem o estrogênio como principal fator protetor. E esse hormônio, quando começa a cair a partir dos 45 anos, mesmo antes da menopausa se instalar, já promove alterações no corpo, especialmente no metabolismo da glicose e do colesterol”, explica a médica ginecologista e nutróloga Alessandra Bedin Pochini, do Einstein Hospital Israelita.

Esse declínio hormonal favorece o acúmulo de gordura visceral, que é mais inflamatória e perigosa. Essa gordura eleva o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e de esteatose hepática — que está diretamente associada ao sobrepeso e à obesidade. “A deficiência estrogênica aumenta o estresse oxidativo, agrava a resistência à insulina, facilita o aumento da gordura visceral e hepática e, consequentemente, eleva o risco de esteatose e fibrose hepática”, conta Alessandra Bedin.

Segundo a médica, o período mais crítico para o desenvolvimento de gordura no fígado é justamente durante a transição, que começa cerca de três anos antes da última menstruação e se estende por até dois ou três anos depois. Nesse intervalo, o corpo feminino passa por uma redistribuição da composição corporal: perde-se massa muscular e ganha-se gordura, especialmente na região abdominal. “É nessa fase que a gordura hepática aparece com mais frequência e pode evoluir com maior gravidade”, alerta.

Estudos internacionais apontam que a prevalência da esteatose hepática em mulheres pós-menopausa é 20% maior do que nas que ainda não passaram por essa fase. Mundialmente, cerca de 30% das mulheres têm algum grau da doença, com pico de incidência entre 60 e 69 anos.

O grande problema da gordura no fígado é sua natureza silenciosa. A maioria das mulheres sequer desconfia de que está desenvolvendo a condição, pois os sintomas são bastante inespecíficos: cansaço, desconforto abdominal ou alterações leves nos exames laboratoriais. “Muitas vezes, a mulher chega ao consultório já tendo passado por outros profissionais que minimizaram o diagnóstico, dizendo que era 'só uma gordurinha no fígado'. Isso precisa mudar”, pontua Bedin.

Na visão da especialista, o maior número de diagnósticos de esteatose em mulheres nessa faixa etária se deve ao avanço nas discussões sobre menopausa e obesidade. “Estudos com as novas medicações para tratar a obesidade [como a semaglutida] têm mostrado resultados promissores no enfrentamento da esteatose hepática. Não temos um milagre, mas estamos caminhando. Essas medicações têm melhorado muito a condição metabólica e, como consequência, a saúde do fígado também”, afirma.

Reposição hormonal é aliada

A terapia de reposição hormonal (TRH) também pode ser uma aliada importante no tratamento, desde que usada dentro da chamada “janela de oportunidade” — até dez anos após a última menstruação. Passado esse período, o uso do estrogênio pode deixar de ser benéfico e protetor e aumentar riscos cardiovasculares. “Parece contraditório, mas é como se o corpo perdesse a capacidade de reconhecer o hormônio como protetor depois de tanto tempo sem ele. Por isso, o acompanhamento médico é essencial”, orienta a especialista.

Estudos mostram que a terapia de reposição hormonal, quando bem aplicada, reduz a gordura hepática, melhora a sensibilidade à insulina e ajuda no controle do colesterol e da glicose. No entanto, o uso isolado pode não ser suficiente. “A combinação com mudanças no estilo de vida e, em muitos casos, medicamentos para obesidade é o que traz melhores resultados. Por isso é tão importante o diagnóstico precoce”, adverte.

Atenção a partir dos 40

Por ser uma doença silenciosa, o diagnóstico da gordura no fígado costuma ser feito ao acaso, durante exames de rotina, por meio de ultrassonografia abdominal. Em casos mais complexos, pode ser indicada a biópsia hepática, ainda considerada o padrão ouro. Exames laboratoriais, como o perfil metabolômico, ajudam a avaliar a gravidade e o risco de evolução da doença.

“A esteatose não começa quando os sintomas aparecem; em geral, ela começou de cinco a dez anos antes”, destaca Bedin. Daí a importância de um olhar atento para a saúde hepática da mulher a partir dos 40 anos. “Não é só fazer o papanicolau ou a mamografia. Precisamos olhar também para o fígado, o metabolismo, os níveis de colesterol e a glicemia.”

A boa notícia é que a doença é reversível em estágios iniciais. “Nos graus mais avançados, quando já existe uma inflamação muito grande ou fibrose, a gente não consegue reverter, mas melhora. Por isso, deixar evoluir é a pior coisa”, conclui a médica do Einstein.