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Perla Ribeiro
Publicado em 11 de julho de 2025 às 09:30
Uma clínica particular em Mateus Leme, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, foi fechada e os 45 pacientes que viviam em situação de violência foram resgatados. Além disso, três responsáveis pelo estabelecimento, incluindo o dono da clínica, de 42 anos, foram presos. Eles podem responder pelos crimes de maus tratos, cárcere privado e posse ilegal de armas. Se condenados, a pena pode chegar a 27 anos de prisão. >
Duas mortes registradas na clínica neste ano estão sendo investigadas. Segundo a polícia, os internos eram homens com idades entre 17 e 71 anos que sofriam agressões constantes semelhantes à tortura. As vítimas foram levadas para a delegacia e passaram por exames de corpo delito. Algumas foram encaminhadas para casa de parentes e outras para instituições credenciadas da prefeitura.>
“Nos deparamos com pessoas internas que estavam sofrendo agressões física, psicológica, equivalentes até à tortura. Alguns pacientes tentaram fugir do local e eram contidos pelos próprios internos, que eram nomeados pelos donos do estabelecimento. Essas pessoas, além de serem agredidas fisicamente, ameaçadas, eram dopadas com medicamentos”, disse o delegado Diego Nolasco ao G1 MG.>
A polícia chegou ao local após um dos internos fazer uma denúncia ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Ele relatou que o local era insalubre, que viviam em meio à sujeira e que muitos deles não recebiam alimento nem os cuidados básicos de higiene. Para ficar no sítio, cada paciente tinha que pagar o valor de R$1.800. O dinheiro deveria ser usado para custear as despesas e fornecer tratamento médico e psicológico, assistências que os pacientes dizem não receber há muito tempo.>
Segundo informações da Polícia Civil, a clínica já havia sido interditada pelos mesmos problemas em 2021, quando mais de 20 pessoas foram resgatadas em situação insalubre. Na época, os internos contaram que eram amarrados nos braços, pernas e peitos às camas como medida de contenção.>
A Prefeitura de Mateus Leme disse que participou da operação por meio da Vigilância Sanitária Municipal. Em nota, a gestão municipal informou que "ações dessa natureza fazem parte da rotina de fiscalização do setor, que atua de forma contínua e rigorosa para garantir o cumprimento das normas sanitárias e a proteção da saúde e da dignidade dos cidadãos".>