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Clínicas de estética oferecem caneta emagrecedora Mounjaro em dose fracionada e até por delivery

O medicamento Mounjaro só deveria estar disponível nas farmácias do Brasil a partir da segunda quinzena de maio

  • Foto do(a) author(a) Perla Ribeiro
  • Perla Ribeiro

Publicado em 2 de maio de 2025 às 10:50

Aplicação de Mounjaro
Aplicação de Mounjaro Crédito: Shutterstock

Oficialmente, o medicamento Mounjaro só estará disponível nas farmácias do Brasil a partir da segunda quinzena de maio, mas, na prática, a realidade tem sido outra. Algumas clínicas de estética já estão lucrando com a comercialização irregular da chamada caneta emagrecedora. A reportagem do G1 encontrou o remédio sendo vendido por dose fracionada, sem receita médica, em dois estabelecimentos, um no Maranhão e outro no Piauí. As clínicas anunciam o produto nas redes sociais ou pelo WhatsApp. Elas ainda oferecem “bioimpedância grátis” e “consulta”, não com um médico, mas com a proprietária do estabelecimento, em Teresina, ou com uma biomédica, em São Luís, onde é feita também entrega delivery. Também há sites de farmácias oferecendo o duas seringas de 0,5 ml do medicamento por R$1,728.

Segundo uma carta aberta divulgada pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly, fabricante do Mounjaro, nenhum estabelecimento está vendendo o remédio legalmente no Brasil, porque ele ainda não foi disponibilizado para o mercado brasileiro. “Esses produtos podem ser falsos ou estão sendo ‘revendidos’ por indivíduos que os obtiveram por outros meios”, alerta a fabricanre no comunicado. A empresa informou ao G1 que as versões falsificadas ou manipuladas representam “riscos de segurança potencialmente fatais aos pacientes”.

De acordo as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), apenas farmácias e drogarias poderão vender o medicamento. Além disso, o Mounjaro não pode ser vendido por dose, porque a embalagem registrada na Anvisa não é fracionável, além disso, o medicamento só pode ser vendido com receita e apenas médicos podem prescrevê-lo. Procurada pelo G1, a dona da clínica de Teresina alegou que tem equipe multidisciplinar. Já a clínica de São Luís não respondeu.

Autorizado pela Anvisa em 2023 para tratamento do diabetes tipo 2, o Mounjaro é produzido a partir do ingrediente ativo tirzepatida. Ele ficou conhecido como "Ozempic de rico", por ser mais caro e prometer mais resultados e menos efeitos colaterais do que o concorrente. A fabricante do medicamento ainda aguarda a liberação de uso do remédio para emagrecimento no Brasil, mas médicos já podem prescrevê-lo com este fim, se avaliarem que os benefícios do tratamento superam os riscos.

Legalmente, apenas pessoas físicas podem adquirir o Mounjaro por meio de importação ou comprando diretamente nos países onde o produto já é vendido, apresentando uma receita médica. No caso das clínicas encontradas pelo g1, em Teresina (PI), e em São Luís (MA), a reportagem confirmou que o medicamento era vendido sem qualquer prescrição. Na primeira clínica, o g1 viu a caneta de Mounjaro. Na outra, recebeu uma foto por WhatsApp. Os números de lote foram enviados à fabricante, que não confirmou se o medicamento é original.

No início de março, a clínica de Teresina anunciou a oferta da caneta, dizendo que clientes poderiam agendar uma consulta para garantir uma dose de Mounjaro. Procurada pelo G1, a clínica disse que "desenvolveu um método próprio de emagrecimento patenteado denominado Peso Certo" e que o método é feito por uma equipe multidisciplinar "com acompanhamento médico, nutricional, fisioterapeuta, psicólogo e nutricionista".

De acordo com fabricante do Mounjaro, a empresa é a única fornecedora legal da tirzepatida e “não a fornece para farmácias de manipulação, spas médicos, centros de bem-estar, varejistas on-line ou outros fabricantes”. Dados de apreensões do Mounjaro nos aeroportos brasileiros mostram que o produto tem sido mais contrabandeado em 2025. Segundo a Receita Federal, o valor das canetas apreendidas apenas no primeiro trimestre - R$ 1,2 milhão - já é 74% maior do que em todo o ano de 2024. Já a Polícia Federal apreendeu cerca de 1.313 unidades nos últimos 12 meses, sendo 1.079 apenas em 2025.

A Anvisa determinou que a partir de julho, quando o Mounjaro já estará nas farmácias, a receita desta e de outras marcas de canetas emagrecedoras terá que ficar retida. A medida foi tomada após relatos de eventos adversos relacionados ao uso desses medicamentos para fins de emagrecimento. Até 19 de março de 2025, a Anvisa recebeu 51 notificações referentes apenas à tirzepatida.