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Carol Neves
Publicado em 26 de dezembro de 2025 às 14:06
Condenado como participante de uma tentativa de golpe no Brasil em 2022, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques usava um passaporte falso ao ser preso nesta sexta-feira (26), no Paraguai, enquanto tentava fugir. A Polícia Federal confirmou a detenção durante a madrugada. >
Segundo apuração da TV Globo, Silvinei pretendia seguir viagem até El Salvador, com escala no Panamá. Ele deixou o país sem autorização judicial após romper a tornozeleira eletrônica que usava quando estava em Santa Catarina. Com a violação do equipamento de monitoramento, alertas foram disparados nas fronteiras e a adidância brasileira no país vizinho foi acionada. >
Ao chegar ao aeroporto no Paraguai, Silvinei apresentou um passaporte paraguaio original, porém com dados que não correspondiam à sua identidade. No momento em que tentava sair do terminal, foi abordado e preso pelas autoridades locais por uso de passaporte falso. Após a detenção, ele foi identificado e colocado à disposição do Ministério Público do Paraguai, devendo passar por audiência de custódia ainda nesta sexta-feira. Na sequência, deverá ser entregue às autoridades brasileiras.>
Silvinei Vasques foi condenado a 24 anos e 6 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de integrar a trama golpista. De acordo com as investigações, ele utilizou a estrutura da PRF para interferir no andamento do segundo turno das eleições de 2022, direcionando operações policiais com o objetivo de dificultar o deslocamento de eleitores em regiões onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderava as pesquisas, especialmente no Nordeste.>
Os autos apontam que houve reforço atípico de fiscalizações em rodovias federais, com bloqueios e abordagens concentrados em determinados estados, sem justificativa técnica consistente. As ações teriam desrespeitado orientações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que havia determinado que operações de segurança não poderiam interferir no direito ao voto.>
Além da condenação criminal, Silvinei também foi sentenciado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) ao pagamento de multa de cerca de R$ 546 mil por uso político da PRF em favor do então presidente Jair Bolsonaro, por desvio de finalidade e violação ao princípio da impessoalidade. Mensagens e depoimentos reunidos na investigação indicam que ele teria orientado subordinados a intensificar fiscalizações, utilizando a máquina pública para fins políticos.>
À época, Silvinei declarou apoio público a Jair Bolsonaro, o que reforçou as suspeitas de uso indevido do cargo. Em sua defesa, o ex-diretor da PRF nega as irregularidades e sustenta que as operações tiveram caráter técnico, com o objetivo de garantir a segurança nas rodovias durante o pleito de 2022.>