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Publicado em 15 de abril de 2024 às 23:51
A lesão por esforço repetitivo (LER) é um problema que se desenvolve de forma gradual e muitas vezes passa despercebido até alcançar um estágio mais preocupante. Entre os diversos tipos de lesão, a síndrome do túnel do carpo é uma das mais comuns e levou ao afastamento de 24.002 trabalhadores em 2023, segundo dados do Ministério da Previdência Social. O total é 33,15% superior ao registRado em 2022. >
Conforme explica o ortopedista especializado em cirurgia da mão e punho, Leonardo Kurebayashi, a síndrome do túnel do carpo ocorre devido à compressão do nervo mediano localizado no punho. A incidência da condição é de 99 em cada mil pessoas, sendo mulheres com mais de 40 anos as principais afetadas.>
Em relação aos sintomas, o ortopedista menciona que os mais comuns incluem formigamentos nos dedos, sensação de queimação ou coceira nas mãos e dificuldade em realizar certos movimentos, como a "pinça" com os dedos.>
Em casos mais avançados, também é comum observar perda da qualidade de sono em decorrência do formigamento e até mesmo dificuldade para realizar tarefas básicas. "Nessas situações, as pessoas podem derrubar objetos com frequência e ter dificuldade de realizar atividades simples, como abotoar uma camisa ou colocar um brinco", explica Kurebayashi.>
Quais são as causas por trás da condição?>
As causas tradicionalmente reconhecidas incluem espessamento do ligamento carpal transverso, tenossinovites (inflamação do tendão), fraturas e doenças metabólicas, além da gestação.>
Porém, estudos recentes trouxeram à tona a discussão sobre a influência de fatores ocupacionais e não ocupacionais na incidência dessa condição, como:>
Longas horas de trabalho com computador;>
Condições de ergonomia inadequadas;>
Número insuficiente de pausas durante o trabalho;>
Ausência de exercícios com mãos e punhos;>
Trabalhos que incluem movimentos repetitivos com as mãos.>
Além disso, fatores como idade, gênero, obesidade, tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo e condições como diabetes e hipertensão também foram associados ao aumento no risco de síndrome do túnel do carpo.>
Como o diagnóstico é feito?>
O diagnóstico da síndrome do túnel do carpo é predominantemente clínico, baseado na história do paciente e no exame físico conduzido pelo especialista em mãos.>
No entanto, existem exames complementares que podem auxiliar o médico a determinar o diagnóstico e o prognóstico (tentativa de traçar a provável evolução da doença):>
1 - Eletroneuromiografia (ENMG)>
2 - Ultrassonografia de punho>
3 - Radiografia e Tomografia Computadorizada de punho>
4 - Ressonância Magnética de punho>
"A solicitação de cada um desses exames será determinada pelo especialista em mão, sendo que os dois principais são a eletroneuromiografia e a ultrassonografia de punho. A limitação de ambos é que dependem da expertise do profissional que está realizando o exame", diz Kurebayashi.>
Existe tratamento?>
Sim, existem dois principais tipos de tratamento para a síndrome do túnel do carpo: conservador e cirúrgico.>
Nos estágios iniciais da doença, o tratamento conservador pode incluir o uso de talas para as mãos, medicação e reabilitação através de fisioterapia e terapia ocupacional. Além disso, recomenda-se mudanças no estilo de vida, como a prática de atividade física, melhorias nas condições ergonômicas no local de trabalho e controle de condições médicas associadas, como diabetes, obesidade e hipertensão.>
Em casos de diagnóstico tardio ou quando o tratamento conservador não produz resultados satisfatórios, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. Existem duas abordagens principais: a cirurgia aberta, que consiste em uma incisão cirúrgica na palma da mão, e a endoscópica, uma técnica minimamente invasiva, com um corte menor, no punho. Na cirurgia endoscópica, uma câmera é inserida no túnel do carpo para auxiliar no corte do ligamento visando melhorar a compressão.>