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Deputado apontou arma e atirou faca contra Cíntia Chagas, diz MP

Lucas Bove foi denunciado por abusos contra ex e MP pediu prisão preventiva

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 25 de outubro de 2025 às 07:15

Cíntia Chagas acusa Lucas Bove
Cíntia Chagas acusa Lucas Bove Crédito: Reprodução

O Ministério Público de São Paulo pediu à Justiça a prisão preventiva do deputado estadual Lucas Diez Bove (PL), acusado de reiterar o descumprimento das medidas protetivas concedidas à ex-esposa, a influenciadora digital Cíntia Chagas. O pedido está na denúncia apresentada pela Promotoria na quinta-feira (23), que aponta perseguição, violência psicológica, violência física e ameaças.

Segundo o MP, o parlamentar teria ignorado decisões judiciais durante cerca de um ano, mesmo após ser intimado pessoalmente e receber alertas por meio de advogados. O texto afirma que Bove agiu demonstrando “claro desprezo” às proibições impostas e que as medidas impostas não garantem mais a segurança da vítima. A Promotoria solicitou também que a Assembleia Legislativa de São Paulo adote providências administrativas em relação à conduta do parlamentar.

A ex-esposa, que soma mais de 7,6 milhões de seguidores nas redes sociais, denunciou o deputado em 2023. Ela relatou que, enquanto mantinham um relacionamento de mais de dois anos, foi alvo de diversos episódios de abuso psicológico e físico. O MP descreve na denúncia que Lucas praticava intimidações emocionais, “manuseando a arma de fogo que possui e a apontava para a direção da vítima, como se fosse uma brincadeira” enquanto fumava maconha. Há ainda o relato de que ele arremessou uma faca na direção da perna de Cíntia.

Outras situações foram incluídas, como beliscões intensos e apertões nos seios da vítima diante de outras pessoas, além de ameaças de morte caso suspeitasse de traição. O documento diz que Bove dizia que pediria ao segurança que escondesse o corpo caso concretizasse as ameaças.

Cíntia Chagas por Reprodução | Instagram

Apesar de investigações em curso, em agosto deste ano o Conselho de Ética da Alesp arquivou uma denúncia contra o parlamentar por quebra de decoro, relacionada ao mesmo caso.

A Promotoria também reuniu publicações feitas pelo deputado nas redes sociais. No início, seriam indiretas sobre o processo, evoluindo para postagens em que citava expressamente o nome da vítima e fazia referências ao caso, o que contraria ordem judicial que proibia manifestações sobre o assunto. O MP aponta que as publicações expuseram a influenciadora, insinuaram que ela mentia e divulgaram conteúdo que atingiu sua dignidade, acarretando desgaste emocional e revitimização.

A defesa de Cíntia informou que os episódios de descumprimento foram relatados repetidas vezes à Justiça, com dados e provas. Para a Promotoria, medidas alternativas já não surtem efeito. O órgão menciona ainda a existência de “notícia de histórico de violência” e uma segunda denúncia já oferecida contra o deputado.

Indiciamento 

A Polícia Civil já havia indiciado Bove em 29 de setembro pelos crimes de perseguição e violência psicológica no âmbito da Lei Maria da Penha. O relatório policial apontou provas de ameaças, chantagens e tentativas de controle da carreira profissional da influenciadora. Segundo o documento, o deputado enviou mensagens dizendo que iria “acabar com a carreira dela” se não assinasse contratos com cláusulas que ela considerava abusivas.

Testemunhas, incluindo a assessora de Cíntia, relataram episódios de desqualificação e comportamento controlador. Investigações também reuniram registros de telefonemas de números ligados à Assembleia Legislativa e mensagens enviadas por advogados do deputado pressionando a vítima durante a separação. A delegada responsável, Dannyella Gomes Pinheiro, destacou que houve contatos insistentes mesmo após o fim do casamento.

O inquérito não concluiu indiciamento por lesão corporal por não haver comprovação de que as marcas apresentadas na época eram resultado de agressões físicas, ainda que as ameaças tenham sido enquadradas na violência psicológica.

Posicionamentos

Cíntia afirmou em nota que recebeu a decisão “com serenidade e inabalável confiança na Justiça” e declarou que “o silêncio protege o agressor”. Já sua advogada, Gabriela Manssur, classificou a denúncia do MP como um marco na responsabilização de agressões contra mulheres. “Ninguém está acima da lei e da justiça”, escreveu.

A defesa de Lucas Bove afirmou ter recebido o pedido de prisão com “enorme surpresa” e considerou a medida “descabida”, alegando ausência de requisitos legais. Os advogados também reclamaram de “vazamento contínuo de informações” que correm sob sigilo e disseram que a ex-esposa descumpre determinação judicial ao falar sobre o caso. O texto da defesa reforça que o deputado “confia na Justiça e continuará empenhado a comprovar que não praticou crime algum”.