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Editorial: A encruzilhada da Petrobras

  • D
  • Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2016 às 04:17

 - Atualizado há 2 anos

A Petrobras divulgou, no começo da semana, uma nova revisão de seu plano de negócios para o período 2015-2019, com um corte de US$ 32 bilhões no orçamento. Com o preço do petróleo em queda livre - perto de US$ 30 dólares o barril, quando chegou a custar, em janeiro de 2013, mais de U$ 100 - e o dólar, moeda da dívida da empresa, valendo mais de R$ 4, a Petrobras não tinha mesmo outra opção. O corte nos investimentos, entretanto, afeta toda a economia brasileira porque a empresa é a maior do país, com quase 80 mil empregados.

Parte do problema da estatal brasileira é comum a outras empresas petrolíferas, já que existe um excesso de oferta promovido pelos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Na  maioria dos países, a queda do valor do barril tem como consequência a redução dos preços dos combustíveis para o consumidor, um efeito colateral positivo. No Brasil, entretanto, isso não aconteceu. Apesar de o preço estar caindo desde o começo de 2015, a Petrobras aumentou os preços mais de uma vez: no último reajuste, em setembro, a Petrobras elevou a gasolina em 6% e o diesel em 4%.

Essa incoerência econômica é explicada por um problema específico da Petrobras que não afeta a maioria de suas concorrentes no exterior: a interferência política em decisões técnicas. Os preços dos combustíveis estão, agora, mais altos do que no exterior  porque, durante boa parte do primeiro mandato da presidente Dilma e, particularmente, no ano eleitoral de 2014, a Petrobras segurou o preço da gasolina e do diesel como forma de controlar a inflação - o que acarretou enorme prejuízo para a empresa. Para minimizar as perdas, a estatal mantém hoje preço 15% acima de outros países da América.

Como fica claro a cada nova denúncia da Operação Lava Jato, o prejuízo do uso político  da Petrobras vai muito além das ações da União - como acionista majoritário da empresa - para controlar preços e beneficiar a política econômica do governo. O loteamento da estatal entre os partidos resultou na formação de um cartel de empreiteiras que, articuladas com diretores, superfaturou obras e distribuiu propinas para políticos. Será preciso esperar o fim das investigações para saber o tamanho do rombo que o esquema de corrupção causou na Petrobras - certamente na casa dos bilhões de dólares.

O cenário internacional coloca a Petrobras numa encruzilhada. Analistas acreditam que o preço do barril do petróleo deve continuar em baixa durante algum tempo. Por outro lado, há, no mundo inteiro, uma pressão pelo uso cada vez maior de fontes de energia renováveis e uma redução na emissão de gases poluentes, de combustíveis fósseis como o petróleo. Se continuar envenenada pelas ingerências políticas, a empresa estará com o futuro ameaçado. Para enfrentar esse cenário, a Petrobras precisa se livrar de todas as interferências políticas e profissionalizar sua gestão para que as decisões da empresa tenham em primeiro lugar os interesses de seus acionistas - são quase 300 mil, 90% de pessoas físicas - e não dos interesses pontuais deste ou daquele governo.