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'Ela tem prazer em matar': veja como serial killer alertava a polícia sobre as mortes que cometia

Investigadores cruzaram os registros e descobriram que suspeita estava presente em quatro mortes por envenenamento

  • Foto do(a) author(a) Perla Ribeiro
  • Perla Ribeiro

Publicado em 13 de outubro de 2025 às 17:00

Ana Paula Veloso Fernandes
Ana Paula Veloso Fernandes Crédito: Reprodução

Além de matar as vítimas envenenadas, a estudante de Direito Ana Paula Veloso Fernandes, 36 anos, adotava uma mesma estratégia após cada assassinato: ela mesma ligava para a polícia para avisar sobre a morte. As investigações apontam que, em todos os boletins de ocorrência em que a loura aparece como suspeita, ela consta também como denunciante, testemunha ou até suposta vítima.

De acordo com os investigadores, a estratégia era usada para manipular as apurações e afastar as suspeitas sobre ela. “Ela tinha prazer em manipular as investigações. Criava versões, inventava ameaças e usava a própria polícia para sustentar a narrativa dela”, afirmou um investigador, em entrevista ao jornal O Globo.

Ana Paula Veloso Fernandes por Reprodução

O comportamento chamou a atenção pela primeira vez em janeiro, quando Ana Paula ligou para a Polícia Militar e relatou que o vizinho Marcelo Fonseca, em Guarulhos, no estado de São Paulo, estava trancado em casa havia dias e não respondia. Em um áudio, ela fala com calma e demonstra preocupação. Porém, nas imagens gravadas no local, é possível vê-la esboçando um sorriso ao ser informada de que o homem estava morto, segundo a polícia.

Investigadores dizem que Marcelo foi envenenado dias antes, e que a suspeita continuou morando na casa dele após o crime, sob o pretexto de um aluguel. “Ela ligava, inventava ameaças, produzia bilhetes e fazia com que as vítimas assinassem documentos que reforçassem as versões criadas por ela”, explicou o delegado Halisson Ideião.

Quatro meses depois, já em em maio, a estudante de Direito acionou a polícia novamente. Dessa vez, para denunciar a morte de Maria Aparecida Rodrigues, uma mulher de quem havia se aproximado por meio de um aplicativo de relacionamentos. Ela usava um nome falso, “Carla”, e afirmou no boletim de ocorrência que Maria Aparecida teria sido assassinada por um policial militar com quem ela própria havia se envolvido.

Insatisfeita com o resultado do registro de morte natural, dias depois, Ana Paula ligou novamente para a polícia, alegando ter encontrado um bolo “com cheiro de morte” em sua sala de estudos. A perícia foi chamada, mas nada foi constatado. A partir daí, os investigadores cruzaram os registros e descobriram que Ana Paula estava presente em todas as mortes investigadas, sempre como quem faz o registro.

Ela também foi quem registrou o boletim de ocorrência da morte do tunisiano Hayder Mhazres, 21, com quem manteve um relacionamento. No caso mais recente, ela viajou ao Rio de Janeiro para matar um idoso envenenado a pedido da filha dele, uma ex-colega de faculdade da suspeita.

A Polícia Civil de São Paulo afirma que o comportamento de Ana Paula foi determinante para enquadrá-la como uma possível serial killer. Ela e a irmã, Roberta Fernandes, também investigada por participação nos crimes, estão presas preventivamente. “Ela comparecia constantemente à delegacia, queria saber o andamento dos inquéritos, se as perícias confirmavam envenenamento. Esse foi o ponto de virada da investigação”, disse Ideião.

O caso é acompanhado pelo Núcleo de Análise Comportamental do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que apura a motivação e o padrão de atuação da suspeita. “Ela tem prazer em matar. A motivação pouco importa para ela”, afirmou Ideião. “Ela quer matar e quer ser vista como a pessoa que descobre o crime”.

Ana Paula e a irmã Roberta, suspeita de ser cúmplice, já estão presas. Em depoimento, Ana Paula confessou participação em dois dos assassinatos, mas negou o uso de veneno. A defesa afirma que ela apenas relatou os fatos e que a verdade será esclarecida ao final das investigações.