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Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2020 às 11:32
- Atualizado há 2 anos
A Polícia Federal (PF) concluiu que não houve mandante no ataque contra o então candidato à presidência da República Jair Bolsonaro, em 2018. O segundo inquérito sobre o caso foi entregue nesta quarta-feira (13) à Justiça Federal, em Juiz de Fora, onde ocorreu o atentado contra a vida do hoje presidente. Para o delegado Rodrigo Morais, está provado que Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho e por iniciativa própria, sem apoio de terceiros.>
"O que a investigação comprovou foi que o perpetrador, de modo inédito, atentou contra a vida de um então candidato à Presidência da República, com o claro propósito de tirar-lhe a vida", diz trecho do inquérito, que afirma que Adélio planejou e executou sozinho o ataque.>
Não ficaram provadas participações de outras pessoas, partidos ou agremiações partidárias, facções criminosas, grupos terroristas ou paramilitares em nenhum momento, "ainda que a maioria das pessoas acreditem na existência de suporte logístico ao perpetrador", pontua o inquérito, que destaca que não há espaço para "apuração orientada pelo anseio popular". O trabalho foi feito com "rigor técnico", afirma o delegado no documento.>
Todo material apreendido com Adélio foi investigado, incluindo aí notebook, celulares e documentos. A PF analisou 2 terabytes de arquivos de imagem, 350 horas de vídeo, 600 documentos e 700 gigabytes de volume de dados de mídia, além de 1200 fotos, durante a investigação.>
Foram 23 laudos periciais e 102 pessoas entrevistas em campo. 89 testemunhas foram ouvidas no inquérito. A investigação teve diligências de busca e apreensão, quebra de sigilos fisicais, bancários e telefônicos. Nada indicou participação de mais pessoas no caso.>
Mais de 40 mil e-mails enviados e recebidos por contas ligadas a Adélio Bispo foram investigadas. Vídeos de teorias de que Adélio teria recebido ajuda também foram analisados e periciados, mas nada de relevante foi encontrado.>
Crime O atentado aconteceu em 6 de setembro de 2018, quando Bolsonaro participava de ato de campanha em Juiz de Fora. Adélio foi preso em flagrante e confessou ter dado a facada no hoje presidente.>
O primeiro inquérito, concluído em setembro do mesmo ano, comprovou que Adélio Bispo de Oliveira havia agido sozinho no momento do ataque e que a motivação teria sido “indubitavelmente política”. Ele então foi indiciado por prática de atentado pessoal por inconformismo político, crime previsto na Lei de Segurança Nacional.>
Em março do ano passado, um laudo feito por peritos indicados pela Justiça Federal apontou que Adélio Bispo sofria de uma doença mental e que não poderia ser punido criminalmente pelo fato. De acordo com o laudo, o agressor tem a doença chamada transtorno delirante permanente paranoide e, por isso, conforme o documento, foi considerado inimputável.>
Bolsonaro constantemente pressionou por mais investigações em relação a Adélio. Durante o episódio em que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro se demitiu, o presidente comentou o caso. "Será que é interferir na Polícia Federal quase que exigir e implorar a Sergio Moro que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? A Polícia Federal de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo. Cobrei muito dele isso aí", afirmou.>