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Agência Brasil
Publicado em 23 de março de 2024 às 12:11
Pesquisa feita por professores do curso de Ciências Biológicas da Universidade Veiga de Almeida (UVA) constatou a presença de espécies nativas de mamíferos silvestres em circulação entre os parques naturais Chico Mendes e Marapendi, usando o Corredor Verde do Canal das Tachas, ligação criada entre as duas áreas, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio.>
Anteriormente, havia apenas suposições, por análises históricas, sobre a existência dos animais no local. Pela primeira vez, as imagens registraram a presença de pacas (Cuniculus paca) nos parques naturais urbanos.>
O monitoramento durou um ano e conseguiu flagrar, por meio de armadilhas fotográficas, no período de 2020 e 2021, outros animais como tatus-galinha (Dasypus novemcinctus), capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris), gambás (Didelphis aurita), mãos-peladas (Procyon cancrivorus), no Parque Chico Mendes, onde se concentrou a pesquisa.>
A professora da graduação de biologia e do mestrado profissional em ciências do meio ambiente da universidade, Cecilia Bueno, pesquisadora e coautora do levantamento, destacou a importância dos corredores ecológicos para garantir que as espécies continuem em seu habitat, mesmo em áreas urbanas e, dessa forma, reduzam a ameaça de extinção.>
A paca, por exemplo, corre sério de risco de extinção, devido à caça para aproveitamento de sua carne. O mesmo ocorre em relação ao tatu-galinha.>
Conexão>
Cecilia trabalha há muito tempo com a biodiversidade do Rio de Janeiro e tinha muita vontade de entender a fauna residual dos parques urbanos. >
“O Corredor das Tachas, associado ao plantio, foi feito há uma década, aproximadamente”, disse à Agência Brasil a professora da UVA. Ela tinha curiosidade de saber se além dos saguis de tufo branco e tufo preto (callithrix), que conseguiram sair da Lagoa de Marapendi e passar, pela conexão, para o Parque Chico Mendes, e se espécies terrestres, não arborícolas, estavam fazendo o mesmo.>
As armadilhas fotográficas foram colocadas nos dois parques e, também, na conexão Corredor das Taxas.>
“Nste trabalho, focamos em Chico Mendes, que era o que tinha menos dados. E, surpreendentemente, observamos que as espécies também estavam passando pelo corredor. Por um lado, eu fico feliz, porque o Corredor das Tachas amplia a área de circulação das espécies entre os dois parques. Por outro lado, é mais um canal para a invasão antrópica (ocupação de zonas terrestres pelo homem). Infelizmente, as pessoas também circulam.”>
Cecilia lamentou que no parque Chico Mendes, a pressão antrópica é contínua e extremamente forte. No local, existe ocupação quase dentro do parque, sinalizou. A professora defendeu uma maior fiscalização no parque e, também, uma ampliação das áreas protegidas por meio da desocupação social equilibrada e sensata, com a transferência dos humanos que invadiram os parques para outros locais.>
“Na verdade, a ideia é fazer com que toda a área do parque fique essencialmente para a fauna, sem a presença humana”, explicou.>
Remoção>
Governos municipal e estadual devem proceder à remoção das comunidades carentes que habitam os parques, porque não há opção de um local melhor, e a água da lagoa é poluída.>
Com a ampliação da área protegida dos parques, deve ser feita também a revegetação da restinga. Com isso, a profesora Cecília acredita que se conseguiria dar, de fato, “esperança para a fauna residual persistir, pelo menos, a médio e longo prazo”. Outra coisa importante para que isso se efetive é a manutenção correta das áreas de interligação naturais, além da criação de mais áreas que sejam interligadas de forma correta.>
A professora afirmou que estudos como esse são importantes porque comprovam que, mesmo em um ambiente urbanizado, os animais têm capacidade de persistir quando são criadas condições favoráveis.>
“Eu acho que precisa, realmente, melhorar o ordenamento desses parques para a via pública, porque ali temos duas avenidas de alto tráfego, onde circulam muitos carros: a Avenida das Américas e a Avenida Lucio Costa. A gente precisa melhorar a segurança para essas espécies circularem, para não morrerem atropeladas. Elas não sabem que existe um limite entre elas e a pista e, eventualmente são expostas a risco.”>
A pesquisa deverá ser apresentada à administração do Parque Natural Municipal Chico Mendes, cuja administração está a cargo da Fundação Riozoo e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, ambos ligados à prefeitura do Rio.>