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'Foi humilhante', relembra funcionária que foi demitida e perdeu carro ganho em sorteio

Empresa alega descumprimento de metas para tomar o veículo

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 1 de maio de 2025 às 07:31

Larissa Amaral da Silva ganhou carro, mas veículo foi tomado
Larissa Amaral da Silva ganhou carro, mas veículo foi tomado Crédito: Reprodução

Larissa Amaral da Silva, de 25 anos, foi sorteada para ganhar um Jeep Compass em uma ação interna da empresa Quadri Contabilidade, em Santos (SP), mas acabou demitida e teve o carro retomado pela empresa. Ela afirma que o veículo foi tomado sem aviso, mesmo após o início do processo de transferência de propriedade, e que arcou com cerca de R$ 10 mil em reparos no automóvel, que apresentava diversos problemas mecânicos e histórico de sinistro. A história veio a tona novamente depois que o chefe de Larissa foi preso em uma operação da Polícia Federal contra o tráfico.

Segundo Larissa, o carro começou a dar defeito desde o primeiro dia. “Apareciam alertas no painel sobre manutenção do motor, luz de freio e farol diurno. O para-brisa estava trincado, a bateria fraca, e vários defeitos foram surgindo”, relatou em entrevista ao Uol. Documentos confirmam que o veículo passou por leilão com avarias graves e foi classificado com laudo técnico como "C - avarias graves", o que reduz sua aceitação por seguradoras.

Apesar de a transferência já estar formalizada e com firma reconhecida, a empresa tomou o carro dias após a demissão da funcionária. O Certificado de Registro de Veículo digital mostra o nome de Larissa como compradora, com autenticação registrada em cartório em 9 de janeiro de 2025. O vendedor, no entanto, não é a própria Quadri, mas um possível intermediador.

Larissa relata que a demissão foi comunicada por WhatsApp, com justificativa de “desempenho abaixo do esperado” e aviso prévio indenizado. Em nenhum momento, segundo ela, foram mencionadas violações das regras do sorteio. Pouco depois, o carro foi recolhido por meio de sua supervisora, sob coação, de acordo com a denúncia. “O veículo estava com minha supervisora no dia. Tomaram dela sob ameaça de que ela teria problemas. Não me avisaram nem pediram para que eu o devolvesse”, contou.

A empresa sustenta que a ex-funcionária descumpriu regras estabelecidas no regulamento do sorteio, como não atingir metas e alugar o carro para terceiros. Entre os requisitos estavam tarefas como elaborar manuais, aplicar treinamentos, estabelecer parcerias institucionais e arrecadar brinquedos para uma ação social. Uma das exigências envolvia “relacionamento com órgãos reguladores” e outra previa redução do tempo de processos internos. O advogado Paulo Ferreira, que representa Larissa, afirma que as metas eram subjetivas, desproporcionais e, em muitos casos, inalcançáveis.  

Segundo Larissa, essas cláusulas só foram apresentadas momentos antes do sorteio, quando cerca de 30 funcionários estavam reunidos. “Ninguém teve tempo de entender o que estava aceitando”, disse. Ela trabalhava na empresa havia nove meses, havia sido promovida e mantinha bom relacionamento com colegas. “Nunca tive nenhum desentendimento com ninguém”, afirmou. “Parecia um sonho. Me senti reconhecida naquele momento.”

A defesa da funcionária afirma que a empresa pode ser responsabilizada por vício oculto, abuso contratual, apropriação indevida e danos morais. Um boletim de ocorrência foi registrado, e as medidas judiciais incluem ações nas esferas cível, trabalhista e, possivelmente, criminal. “O bem estava em processo de transferência e foi retirado sem autorização, sendo colocado em local incerto”, afirmou o advogado.

Antes de recorrer à Justiça, Larissa tentou resolver o caso com a empresa e pediu reembolso dos gastos com o carro. “Tentei resolver com boa-fé, pedi reembolso pelos gastos que tive com o carro, mas fui ignorada. Eles tomaram o veículo sem autorização”, disse. A empresa teria condicionado um acordo à publicação de uma nota de esclarecimento, mas ela recusou. “As cláusulas estavam razoáveis, mas essa exigência era abusiva”, declarou o advogado.

A experiência, segundo Larissa, resultou em frustração, humilhação e impactos emocionais. “Foi frustrante e humilhante, pois fui enganada com tudo isso”, afirmou. “Sou uma pessoa reservada, e me expor assim tem sido um desafio enorme. Me senti humilhada, descredibilizada e prejudicada em vários níveis.” Para ela, o prêmio representava um recomeço. “Era meu primeiro carro. Ganhar foi como realizar um sonho, mas tudo virou um pesadelo. Foi uma humilhação.”

A empresa foi questionada sobre o sorteio, as metas e a condição do veículo, mas não se manifestou mais.