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Carol Neves
Publicado em 26 de abril de 2025 às 17:50
Uma equipe científica descobriu no Ceará os vestígios fossilizados da formiga mais antiga já documentada, datando de aproximadamente 113 milhões de anos. O espécime, denominado Vulcanidris cratensis, pertence ao grupo extinto das chamadas formigas-do-inferno, conhecidas por suas mandíbulas em formato de foice. >
O fóssil, preservado em calcário da Formação Crato, apresenta características anatômicas distintas. Com 1,35 centímetro de comprimento, a formiga possuía mandíbulas que se movimentavam verticalmente, diferentemente das espécies atuais, além de asas funcionais e um ferrão desenvolvido, semelhante ao das vespas modernas. >
Segundo Anderson Lepeco, entomologista do Museu de Zoologia da USP e principal autor do estudo, a descoberta sugere que as formigas surgiram milhões de anos antes do que se estimava. A análise do fóssil corrobora evidências moleculares que apontam para a origem desses insetos entre 168 e 120 milhões de anos atrás. >
O exemplar foi coletado entre as décadas de 1980 e 1990 na bacia sedimentar do Araripe, tendo permanecido em coleção particular antes de ser incorporado ao acervo científico. A pesquisa, publicada na Current Biology, revela que a Vulcanidris conviveu com dinossauros como o Ubirajara e diversos outros organismos do período Cretáceo. >
Atualmente, as formigas representam um dos grupos de insetos mais diversificados e ecologicamente relevantes, com funções que incluem controle populacional de outras espécies, relações simbióticas com plantas e manutenção da saúde do solo. A descoberta do fóssil brasileiro fornece novas perspectivas sobre a evolução e adaptação desses insetos ao longo de milhões de anos.>