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Carol Neves
Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 13:21
Marcelo Nascimento da Rocha, conhecido nacionalmente como Marcelo VIP, acumulava mais de três décadas de condenações por estelionato, falsidade ideológica, roubo de avião e associação ao tráfico de drogas. Apesar do histórico criminal, nos últimos anos vivia em liberdade, após cumprir penas em regime fechado e semiaberto. Nas redes sociais, se autodefinia como “mestre na arte de vender sonhos” e costumava participar de podcasts relatando episódios de sua trajetória. >
Aos 49 anos, Marcelo morreu ontem em decorrência de complicações causadas por cirrose hepática. Natural de Maringá (PR), Marcelo ficou conhecido como um dos maiores impostores do país, transitando por diferentes identidades - de milionário a membro de facção criminosa.>
Marcelo VIP ficou conhecido por golpes
A lista de personagens que Marcelo incorporou ao longo da vida era extensa: olheiro da seleção brasileira, integrante de bandas como Engenheiros do Hawaii e Nenhum de Nós, e até guitarrista chamado Ricardo Horn. Ele também chegou a negociar com autoridades durante uma rebelião no Rio de Janeiro, em 2003, quando apareceu na TV dizendo ser Juliano, uma suposta liderança do PCC - algo também jamais comprovado.>
O episódio mais notório envolvendo Marcelo ocorreu em 2001, durante o Recifolia, quando o golpista se apresentou como Henrique Oliveira, vice-presidente da Gol e filho do fundador da companhia, Nenê Constantino. A farsa o levou a entrevistas, passeios de helicóptero e encontros com celebridades da época, como o ator Ricardo Macchi. À imprensa, afirmou que o segredo da empresa era comprar aeronaves em vez de recorrer ao leasing.>
Antes disso, ainda adolescente, já testava artimanhas semelhantes. No livro “VIPs: histórias reais de um mentiroso”, a autora Mariana Caltabiano relata que Marcelo viajou de Curitiba a Porto Alegre sem pagar passagem ao dizer que era sobrinho do dono da companhia de ônibus. A própria mãe, Josélia Nascimento, descreveu o filho no documentário baseado na obra. “De dez coisas que ele fala, onze são mentiras.”>