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Arthur Lira intercedeu pela suspensão; leia a íntegra do documento
Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2021 às 16:19
- Atualizado há um ano
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, adiou a publicação de um manifesto sobre a crise política do país que seria divulgado nesta terça-feira (31). A decisão gerou incômodo no setor, que não foi informado antes da decisão, segundo reportagem de O Globo.
O documento tem cerca de 200 signatários, que ficaram sabendo da decisão de Skaf pela imprensa. Skaf já teria informado a decisão a ministros do governo Bolsonaro.
Skaf deve deixar o comando da Fiesp, maior entidade industrial do país, em quatro meses. Apesar de ser considerado próximo ao bolsonarismo, ele trabalhou recolhendo assinaturas para o documento, intitulado A Praça é dos Três Poderes. Mas, diante de pressões, ele resolveu suspender por agora a publicação do manifesto.
Os signatários dizem que a decisão de adiamento partiu inteiramente de Skaf e que não foram consultados. A escolha teria sido tomada depois de uma reunião entre Skaf e o presidente da Câmara, Arthur LIra (PP-AL).
Além disso, houve pressão do governo federal, através dos bancos públicos Caixa e Banco do Brasil, sobre a Febraban, uma das entidades por trás do documento. O BB e a Caixa ameaçaram deixar a federação, que desde 1967 representa o setor bancário. As duas instituições estão entre as fundadoras da Febraban.
O manifesto foi organizado para ser publicado nos jornais, assinado por entidades de classe dos setores financeiro e industrial, sobre as tensões entre os poderes. Os dirigentes dos dois bancos públicos não queriam que a Febraban chancelasse a peça, afirmando que isso seria visto como uma manifestação contra o governo Bolsonaro.
Não se saber quando o manifesto será publicado. A ideia era que ele fosse divulgado antes do ato pró-Bolsonaro e contra-STF marcado para o dia 7.
Leia a íntegra do manifesto, divulgada pelo jornal O Globo:
"A praça dos três poderes encarna a representação arquitetônica da independência e harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, essência da República. Esse espaço foi construído formando um triângulo equilátero, cujos vértices são os edifícios-sede de cada um dos poderes.
Esta disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais. Em resumo, a harmonia tem de ser a regra entre eles.
Este princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõe.
As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas.
O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população.
Mais do que nunca, o momento exige do Legislativo, do Executivo e do Judiciário aproximação e cooperação. Que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Este é o anseio da Nação brasileira."