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Perla Ribeiro
Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 15:30
Um garoto de 10 anos perdeu a visão do olho direito após sofrer agressões dentro da Escola Municipal Leonel Azevedo, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O caso é investigado pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav). A mãe da criança, Lidia Loiola Cardoso, denuncia que o garoto começou a ser vítima de bullying em 2023 e, antes do ataque que resultou na perda da visão, em agressões anteriores, fraturou o pé e deslocou o nariz. >
A agressão mais grave ocorreu no dia 18 de novembro, durante uma aula de educação física, quando o menino levou chutes e ao menos um soco no olho. Ele foi levado inicialmente ao Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador. Pela gravidade do ferimento, foi transferido para o Hospital Souza Aguiar, onde recebeu o diagnóstico de perda irreversível da visão do olho direito. O aluno apontado como autor da agressão foi transferido para outra unidade.>
A mãe afirma que apesar do bullying ter iniciado em 2023, as agressões físicas começaram no ano passado. Segundo ela, foram pelo menos quatro brigas dentro da escola. Em um desses episódios, a filha também foi agredida ao tentar defender o irmão. Depois do ocorrido mais recente, segundo a mãe, os filhos agora têm medo de voltar para a escola.>
“É uma sensação de impunidade, de algo que aconteceu com o meu filho, mas pode acontecer com qualquer um. Algo que prejudicou até mesmo o futuro dele. E eu tenho tentado combater esses sentimentos dentro de mim”, disse a mãe. Ela conta que as agressões foram cometidas por alunos mais velhos.>
Lidia ressalta que antes da agressão que levou a perda da visão do filho procurou a direção da escola para pedir ajuda. “Eu fui até a direção, passei as informações, pedi ajuda, auxílio, e não houve uma resposta”, afirmou. A mãe diz que o filho, que tem uma diferença nos olhos devido a uma deficiência, era alvo de provocações de colegas.>
Ela afirma que o comportamento da criança mudou ao longo do último ano. “Meu filho estuda aqui há 5 anos. Do ano passado para cá, começou a não querer mais vir para a escola, de não querer mais estar em sala de aula”, disse. Ela conta que procurou a direção em diversas ocasiões. “Eu me preocupava e vinha para a direção conversar, para a gente poder tentar entender. Nunca tivemos resposta.”>
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que o aluno recebeu atendimento imediato e foi encaminhado ao hospital mais próximo, sendo transferido para o Souza Aguiar. A pasta disse que a escola acolheu o estudante e a responsável desde o início e que foi instaurada sindicância para apurar o histórico do caso.>
A SME informou ainda que desenvolve ações permanentes de prevenção à violência e ao bullying por meio do Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Escolas (NIAE), que atua com psicólogos, assistentes sociais e pedagogos. A Polícia Civil informou que o caso é investigado pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav).>