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Jornal O Povo
Publicado em 3 de abril de 2024 às 16:58
Ícone do jornalismo cearense, Alan Neto, o eterno "Trem Bala", morreu nesta quarta-feira, 3º. O jornalista e colunista do O POVO, que marcou época pelo seu jeito polêmico e irreverente em todas as plataformas, do rádio ao Youtube, estava hospitalizado desde o fim de janeiro após sofrer um acidente doméstico.
O comunicador deixa esposa, uma filha e uma neta. Referência no jornalismo do Ceará, Alan Neto se dedicou ao máximo à profissão no qual era profundamente apaixonado e desfilou todo o seu talento em quase 60 anos de carreira, escrevendo para jornal e portal e comandando programas em rádio, televisão e Youtube.
No O POVO, Alan Neto mantinha textos sobre o futebol cearense em sua coluna, de segunda a sábado, uma das mais lidas do grupo. Aos domingos, ele escrevia uma coluna sobre os bastidores da política cearense. O jornalista também apresentava o famoso programa Trem Bala no canal do O POVO no Youtube e na Rádio O POVO CBN.
Performático e criativo, o apresentador do Trem Bala colecionou bordões e se tornou viral na era da internet. Um dos maiores streamers e youtubers do Brasil, Casimiro, o Cazé, chegou a reagir a vídeos do programa.
Bordões como "Olha o dedo do Trem Bala", "passe adiante" e "bombas de milmegatons" estarão eternizados na crônica esportiva cearense.
Relembre os bordões
Bordão mais conhecido do icônico jornalista, o "dedo do Trem Bala" era utilizado para destacar ainda mais alguma forte pontuação feita pelos colegas de bancada, geralmente sendo críticas ferrenhas aos técnicos, jogadores ou dirigentes de Ceará, Fortaleza ou Ferroviário.
Alan Neto adorava destacar o fervor que tinha em conduzir o Trem Bala, que só parava de maneira breve durante o período de festas de fim de ano. Por esse motivo, o apresentador sempre denotava que o programa estava sempre no ar e que a locomotiva não parava por nada, "nem por pauladas ou por bala".
Alan Neto costumava recorrer a esta frase quando se referia a situações inusitadas ou pitorescas do futebol cearense, seja dentro ou fora dos gramados. Os dirigentes costumavam ser o alvo principal, com decisões ou declarações incomuns.
O jornalista gostava de notícias impactantes durante o programa e, sempre que o futebol cearense o brindava com uma boa pauta, ele destacava que o programa seria bombástico citando que estariam comentando uma "bomba de mil megatons". A expressão também era utilizada quando o apresentador ou companheiros de bancada trazia para audiência alguma forte notícia de maneira exclusiva.
Um dos bordões mais conhecidos do Trem Bala, a turbulência era avisada quando havia alguma notícia ou opinião dada pela bancada que pudesse estremecer e/ou impactar os "passageiros".
O apresentador chamava repórteres ou comentaristas que entravam em sonoras pela própria alcunha para que eles entrassem no ar.
Cheio de hipérboles, Alan Neto classificava como uma pândega qualquer fala ou notícia que parecesse absurda a ele.
Entrevista marcante com Pelé
A habilidade como repórter, função tão valorizada por Alan durante toda a vida, o levou a entrevistas marcantes. A mais importante delas, considerado o auge da carreira do jornalista, foi com o Rei do Futebol, Pelé.
O eterno camisa 10 revelou a Alan Neto, de forma exclusiva, num encontro no Savanah Hotel, no Centro de Fortaleza, que a Copa do Mundo de 1970 seria a última da sua carreira.