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Perla Ribeiro
Publicado em 14 de outubro de 2025 às 18:11
Um erro médico levou uma mulher de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, passar por três sessões de quimioterapia devido a um diagnóstico errado de câncer de mama. Ao todo foram prescritas dez sessões de quimioterapia, mas o erro foi identificado antes da quarta. Agora, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) decidiu que ela e o marido vão receber uma indenização de R$ 95 mil por danos morais. >
Segundo informações contidas no processo, o erro aconteceu devido à troca de amostras durante uma biópsia realizada em setembro de 2022. Na época, o exame indicou a presença de um câncer maligno. No entanto, em novembro do mesmo ano, uma nova análise revelou que a mulher tinha um tumor benigno. >
Durante o período em que foi submetida às sessões de quimioterapia, a paciente enfrentou os efeitos do tratamento, como queda de cabelo, vômitos e a implantação de um cateter, que deixou cicatriz. A Justiça entendeu que houve falha grave na prestação do serviço e condenou a cooperativa médica ao pagamento de R$ 75 mil por danos morais à mulher e R$ 20 mil ao companheiro dela, por dano moral reflexo. >
A decisão também determina que os juros sejam contados a partir da data do diagnóstico equivocado, em setembro de 2022. O recurso da cooperativa foi negado, e a condenação foi mantida integralmente. A cooperativa alegou que não havia provas de que o companheiro tenha tido sua atividade cotidiana alterada e que os reflexos da quimioterapia, por serem pessoais, não poderiam afetá-lo.>
A Justiça, porém, entendeu que, apesar de não ser vítima direta, a vivência do companheiro foi modificada pelo medo e pela angústia da possibilidade de perda da parceira, dada a gravidade do diagnóstico. Segundo o desembargador João Marcos Buch, o dano moral por ricochete “não exige demonstração de prejuízo patrimonial ou de atos concretos de cuidado, mas sim de sofrimento psíquico decorrente da experiência vivida ao lado da vítima direta”.>
Sobre a indenização à mulher, o Tribunal considerou que o diagnóstico de carcinoma mamário invasivo violou sua dignidade. “Representa uma ruptura na vida do paciente, que passa a conviver com o medo da morte, a expectativa de sofrimento, a angústia da mutilação e a incerteza sobre o futuro”.>