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Ninguém aguenta mais: brasileiros recebem 10 bilhões de ligações feitas por robôs em um mês

Sistema ilegal altera números, burla bloqueios e causa prejuízos até em transplantes de órgãos

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 28 de abril de 2025 às 09:18

Telemarketing
Telemarketing Crédito: Reprodução

Atender o celular virou um risco diário no Brasil. Só em janeiro e fevereiro deste ano, foram quase 24 bilhões de ligações automáticas realizadas, o que equivale a 23 mil chamadas por segundo, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em comparação com o mesmo período do ano anterior, o volume aumentou 12%. Por mês, cerca de 20 bilhões de ligações são disparadas no Brasil. Metade delas, 10 bilhões, é feita por robôs. 

Essas ligações automáticas, conhecidas como robocalls ou "metralhadoras", são programadas para discar para milhares de números e duram, em média, menos de seis segundos. Seu objetivo inicial é simples: confirmar se a linha está ativa, um teste conhecido como "prova de vida". Se alguém atende, vira um potencial alvo para ofertas de telemarketing ou até golpes.

Uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, trouxe detalhes sobre como funcionam as ligações automáticas. A reportagem se passou por uma empresa fictícia para  procurar fornecedores de robocalls e vendedores de listas de dados pessoais, conhecidas como "mailings". Um dos contatos ofereceu uma amostra com cerca de 70 registros, incluindo nome, telefone, e-mail, endereço e profissão. 

Os sistemas de robocall utilizam números virtuais que não existem. Se a pessoa tentar retornar a ligação, ouvirá uma mensagem de erro. Isso evita que operadores de telemarketing percam tempo discando para linhas inválidas. "O sistema filtra quais são os melhores números para ligar", contou um ex-funcionário de call center que pediu anonimato.

O crescimento das robocalls também trouxe consequências graves. Muitos brasileiros pararam de atender números desconhecidos, mas isso pode gerar perdas importantes. Na Santa Casa de Porto Alegre, por exemplo, já houve caso de paciente que perdeu a oportunidade de receber um órgão por não atender o telefone. Quem busca emprego também sofre: "Se nós ligamos e o profissional não atende, temos que seguir para o próximo", lamenta Silvana Ribeiro, gerente de RH.

Segurança

Além do incômodo, há riscos de segurança. Criminosos utilizam robocalls para aplicar golpes, enviando mensagens gravadas que parecem legítimas. Em uma experiência feita pela reportagem, uma mensagem falsa oferecendo empréstimos foi criada e disparada usando um site de inteligência artificial. "Essas ligações parecem reais, dificultando que a vítima perceba o golpe", alerta o advogado José Milagre. Ele aconselha: "Jamais diga 'sim' ou 'não' em uma ligação suspeita, para evitar que sua resposta seja usada indevidamente".

Outra irregularidade identificada é a adulteração do DDD. Programas permitem mudar o código de área da ligação, fazendo parecer que a chamada vem do mesmo estado do receptor. Essa prática é ilegal e pode ser enquadrada como fraude eletrônica, com pena de até oito anos de prisão.

A Anatel afirma estar agindo para reduzir o problema. "Desde junho de 2022 até março deste ano, conseguimos reduzir 222 bilhões de chamadas nas redes", disse Cristiana Camarate, superintendente de relações com consumidores. A agência prepara ainda uma nova iniciativa chamada "origem verificada", para garantir que o consumidor saiba exatamente quem está ligando e por qual motivo.

Enquanto isso, a recomendação dos especialistas é clara: desconfie de ligações suspeitas, nunca forneça informações pessoais e denuncie práticas abusivas.