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Da Redação
Publicado em 2 de novembro de 2019 às 17:22
- Atualizado há 2 anos
O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado (2) que pegou a gravação das ligações da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, onde tem uma casa, para que não fossem adulteradas. O presidente falou com jornalistas sobre o assunto durante visita a uma concessionária em Brasília, onde ele comprou uma motocicleta.>
"Agora, eu estava em Brasília, está comprovado. Várias passagens minhas pelo painel eletrônico da Câmara, com registro de presença, na quarta-feira geralmente parlamentar está aqui. Eu estava aqui, não estava lá. E outra, nós pegamos [as gravações], antes que fosse adulterado, que tentassem adulterar. Pegamos lá toda a memória da secretária eletrônica que é guardada há mais de anos. A voz não é a minha, não é do 'seo Jair'. Agora, o que que eu desconfio? Que o porteiro leu sem assinar ou induziram ele a assinar aquilo. Agora quem está por trás disso? Governador, Wilson Witzel", declarou.>
Na última terça-feira (29), o Jornal Nacional revelou que um porteiro do condomínio contou à polícia que, horas antes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, o ex-policial militar Élcio de Queiroz, suspeito de participação no crime, esteve no local e disse que iria à casa 58, casa que pertence ao presidente, e que o "seu Jair" atendeu ao interfone e autorizou a entrada. Queiroz, entretanto, seguiu para a casa de Ronnie Lessa, outro suspeito do assassinato, no mesmo condomínio.>
Naquele horário, o então deputado Jair Bolsonaro estava em Brasília e participou de votações na Câmara no mesmo dia. Neste sábado, Bolsonaro voltou a afirmar que estava fora do Rio de Janeiro, como indicam os registros da Câmara dos Deputados no dia. Ele não deixou claro por quem ou por qual motivo o conteúdo seria adulterado, nem deu pistas de quando teria pegado as gravações. O Ministério Público do Rio de Janeiro diz que depoimentos do porteiro do condomínio não condizem com a realidade. Na última quarta, o MP afirmou que um áudio obtido durante as investigações mostra que foi o PM aposentado Ronnie Lessa quem liberou a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz no Condomínio Vivendas da Barra. Os dois estão presos desde março deste ano.No mesmo dia, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) publicou um áudio confirmando a versão do MP.>
Nesta sexta-feira (1º), o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, Marcos Camargo, afirmou que a análise das provas foi superficial e que a ausência de perícia oficial pode levar à nulidade do processo. A decisão sobre o arquivamento ou nulidade do processo cabe à Procuradoria-Geral da República (PGR).>