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Carol Neves
Publicado em 26 de agosto de 2025 às 08:54
O pastor Jorge Luiz Oliveira dos Santos, líder de uma igreja evangélica na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, foi preso temporariamente sob suspeita de abusar sexualmente de pelo menos cinco meninas ao longo de vários anos. >
As denúncias partiram de jovens que frequentavam a igreja comandada por Jorge Luiz e relataram ter sido abusadas ainda na infância. Os casos estão sendo investigados pela 32ª DP (Taquara), que prendeu o pastor. Ele responde por estupro de vulnerável, tentativa de estupro e perseguição. >
Quatro das vítimas, hoje entre 19 e 21 anos, relataram que os abusos começaram quando tinham entre 7 e 12 anos. Segundo elas, Jorge Luiz aproveitava a confiança da comunidade religiosa e a presença constante na casa das famílias para se aproximar das meninas. Durante a noite, entrava nos quartos onde dormiam e se despia, encostando o corpo nelas.>
Uma das vítimas contou ao portal G1 que quando já era adolescentes o pastor passou a enviar mensagens pedindo fotos íntimas. Outra afirmou que foi estuprada pouco antes de completar 13 anos. Já adulta, foi surpreendida pelo pastor invadindo o imóvel onde ela estava. Segundo o relato, ele tentou agarrá-la e tirar sua roupa. Ela conseguiu se livrar e procurou a delegacia com apoio do namorado.>
"Eu carrego isso comigo desde os 7 anos e nunca falei para ninguém, no máximo duas pessoas sabiam. Depois que entendi que eu não estava sozinha, que eu não precisava carregar isso sozinha, tudo mudou", disse uma das vítimas, hoje com 19 anos.>
Outra jovem contou que, mesmo sem contar à mãe, sabia que estava sendo violentada. "Minha mãe desde pequena falou para mim: 'Ah, um homem não pode tocar em você. Um homem não pode passar a mão nas suas partes. Única pessoa que pode ver você pelada é a mamãe'. Então, isso ficou na minha cabeça quando aconteceu, eu sabia que era errado, porque meu pai nunca tinha feito isso comigo.">
Além dos abusos físicos, as jovens também relataram manipulação psicológica. Em uma oração com jovens da igreja, Jorge Luiz teria afirmado que uma das meninas tinha “uma pomba-gira” no corpo e “o espírito da sedução”. Também fazia comentários frequentes sobre as roupas que usavam, sempre com teor sexualizado.>
As denúncias mostram um padrão de comportamento do pastor ao longo dos anos. Segundo as vítimas, ele utilizava a posição de liderança religiosa e o respeito conquistado na comunidade para silenciar e isolar as meninas. A primeira vítima a denunciar afirmou que sofreu por anos com ansiedade. "Eu tive várias e várias crises de ansiedade durante muito tempo da minha vida. E depois que comecei a desabafar, a contar para as pessoas, diminuiu bastante.">
O inquérito do caso foi enviado à 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Violência Doméstica da área Oeste / Jacarepaguá do Ministério Público.>