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Carol Neves
Publicado em 5 de setembro de 2025 às 10:01
A Polícia Civil cumpriu seis mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira (4) em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, dentro de uma investigação que apura o suposto abate irregular de cães e maus-tratos a gatos na Secretaria de Bem-Estar Animal do município. >
As investigações começaram após denúncias e indicaram que o número de eutanásias realizadas estava acima do esperado: cerca de 240 em apenas oito meses. A eutanásia, procedimento usado quando animais doentes não têm chance de recuperação, teria sido aplicada de forma irregular. >
Entre os alvos da investigação está uma ex-secretária da pasta, Paula Lopes, nomeada em janeiro de 2025 e exonerada em 18 de agosto do mesmo ano. A polícia apura a denúncia de que ela teria recolhido cães doentes, divulgado os animais em redes sociais para receber doações via PIX e, em seguida, eutanasiado os cães na estrutura da secretaria. “O que nós observamos e colhemos de indícios é de que ocorria ali uma matança desmedida de cães. O motivo? Ganho financeiro de uma das investigadas. Identificamos que ela, que tinha cargo de gestão, recolhia animais doentes na rua, postava em suas redes sociais para pedir depósitos via PIX a título de tratamento e, depois de um tempo, esses animais simplesmente sumiam”, afirmou a delegada Luciane Bertolletti, titular da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas, ao G1.>
A investigação também abrange maus-tratos contra gatos, que segundo a Polícia Civil ficavam trancados em um contêiner de maneira irregular.>
Nos mandados cumpridos, a polícia buscou documentos e registros de entrada e saída de animais na sede da secretaria, onde foram encontrados cães e gatos mortos em sacos plásticos dentro de um freezer. Outros alvos incluíram a residência de Paula Lopes em Porto Alegre, onde foram apreendidos R$ 100 mil em dinheiro, dois sítios ligados à suspeita e residências de pessoas envolvidas na secretaria, como uma médica veterinária e um homem suspeito de transportar restos mortais dos animais.>
A apuração conta com o apoio da ONG Rede de Proteção Ambiental e Animal (Repraas). Segundo o presidente Vladimir da Silva, servidores da secretaria fizeram denúncias iniciais, relatando que corpos de cães eram retirados semanalmente sem documentação. Um funcionário chegou a montar um dossiê com fotos dos animais desaparecidos. A polícia agora busca registros de microchips e está catalogando todos os cães e gatos encontrados.>
Em suas redes sociais, Paula Lopes afirmou que as denúncias têm motivação política e que seu objetivo sempre foi ajudar os animais: “O meu objetivo sempre vai ser ajudar os animais. Mas isso incomoda quem usa essa pauta. Quem me conhece (...) Eu aceitei esse desafio em janeiro deste ano e desde lá virou esse caos. Desde quando eu entrei. Os números estão aí e, assim que eu puder, eu vou divulgar para vocês as verdades”.>
A Prefeitura de Canoas se manifestou, afirmando que “colabora com as investigações e abriu um expediente interno para apurar os fatos com todo o rigor”.>