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Perla Ribeiro
Agência Einstein
Publicado em 14 de outubro de 2025 às 13:00
Fonte de carboidrato, a batata é encarada como uma vilã da alimentação e banida de vários cardápios. O que especialistas esclarecem é que não precisa ser radical, pois, quando preparado com os métodos culinários certos, o tubérculo pode ser incluído na dieta sem nenhum tipo de temor. Um estudo realizado por cientistas de universidades dos Estados Unidos, publicado em agosto no British Medical Journal (BMJ), analisou dados coletados de três grandes levantamentos nacionais, abrangendo quase quatro décadas de avaliações e mais de 205 mil participantes. Entre as conclusões, observou-se que comer muita batata frita aumenta o risco de diabetes tipo 2. Já a ingestão das versões cozidas e assadas não está associada à doença. >
“O estudo mostra ainda uma relação entre o consumo de batata frita e o aumento do índice de massa corporal, o IMC”, observa a nutricionista Gabriela Mieko Yoshimura, do Espaço Einstein de Reabilitação e Esporte, do Einstein Hospital Israelita. Embora aponte tais elos, vale destacar que se trata de uma pesquisa observacional, ou seja, não dá para estabelecer uma relação de causa e efeito. Porém, são vários os indícios que ajudam a validar os achados.>
Saiba como o modo de preparo da batata pode influenciar na saúde
A fritura, por definição, se dá quando o alimento é imerso em óleo, sob altas temperaturas. “O processo altera completamente as características nutricionais e químicas da batata, que absorve uma quantidade significativa de gordura e se torna muito mais calórica em comparação com versões as cozidas ou assadas”, diz a nutricionista. E, como se sabe, o excesso de calorias colabora para o ganho de peso, sendo a obesidade um dos fatores de risco para o diabetes. >
Além disso, o aquecimento do óleo desencadeia reações, caso da peroxidação lipídica, que aumentam os radicais livres — moléculas que, em excesso, causam danos celulares. Há ainda a produção de compostos pró-inflamatórios. “Esses efeitos têm relação com a resistência à insulina”, observa a nutricionista Maristela Strufaldi, da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Ela refere-se ao desajuste no metabolismo da glicose que também contribui para o desenvolvimento do diabetes.>
Ainda que as frituras não sejam totalmente proibidas, o conselho é evitá-las o máximo possível. Para quem gosta da consistência da batata frita, uma sugestão é lançar mão da fritadeira a ar, a air fryer. “O equipamento tende a deixar a camada externa crocante e o interior macio, com pouquíssimo ou nenhum óleo”, destaca Yoshimura. Ainda assim, a moderação e a combinação de alimentos para compor uma refeição, continuam sendo pontos fundamentais. “A chave é o equilíbrio e o contexto da dieta”, observa a nutricionista do Einstein.>
Dicas para o dia a dia>
Como a alimentação envolve aspectos culturais, sociais e emocionais, a batata tem seu lugar garantido. Basta variar as receitas. “A sugestão é priorizar o preparo no vapor, na água ou no forno”, orienta a especialista da SBD. E, sempre que possível, cozinhar com a casca, que contém fibras, as aliadas do intestino. Se a ideia é aproveitar todas as partes do vegetal, vale caprichar na limpeza e, de preferência, adquirir a versão orgânica. Ervas como alecrim e orégano são bem-vindas, assim como a páprica. Tais ingredientes perfumam e deixam tudo mais saboroso.>
Outra sugestão é a batata em forma de purê. Uma dica é substituir a manteiga e o creme de leite por água ou leite (preferencialmente desnatado) e azeite. Assim se garante a textura cremosa, com menos calorias e gorduras saturadas. “A receita vai ficar mais leve e rica em fibras, se forem acrescentados outros vegetais cozidos e amassados, como cenoura, couve-flor ou abóbora”, propõe Gabriela Yoshimura.>
Batatas entram ainda nas receitas de nhoque, escondidinho, entre tantas outras. Além de oferecerem carboidrato — nutriente sinônimo de energia e indispensável ao funcionamento do organismo —, elas contêm vitaminas do complexo B, que favorecem o humor. Há ainda sais minerais, sobretudo o potássio, guardião dos músculos e aliado contra a hipertensão arterial; e pitadas de substâncias antioxidantes, caso dos polifenóis, que resguardam nossas células.>
Outros tipos de “batatas”>
A batata conhecida como inglesa, na verdade, tem berço sul-americano, da região dos Andes. Outros vegetais também levam o nome de batata, mas guardam poucas semelhanças. Confira exemplos e aposte na variedade no dia a dia:>
Batata-baroa>
Embora também seja chamada de batata-salsa, ela é mais conhecida como mandioquinha ou baroa. De coloração amarela, faz parte da família da cenoura. Também é rica carboidrato, potássio e fibras. Seu sabor adocicado fica perfeito em sopas, cremes e purês.>
Batata-doce>
Mais uma opção para variar a fonte de carboidrato, inclusive pode aparecer assada à mesa do café da manhã, para garantir disposição logo cedo. A batata-doce fornece um pouco mais de fibras se comparada à inglesa e contém vitaminas do complexo B. Outro destaque é a presença de betacaroteno, um precursor da vitamina A, a protetora da saúde dos olhos. A versão roxa apresenta antocianinas, substâncias que zelam pelas artérias. Quanto ao uso, além de assadas, vão bem refogadas, em cozidos, purês, entre outras preparações.>
Batata yacon>
Seu nome científico é Smallantus sonchifolius. Trata-se de mais um alimento de origem andina. A yacon oferece um tipo de fibra especial, conhecido como inulina, que tem ação prebiótica, ou seja, favorece a proliferação de microrganismos probióticos do intestino, contribuindo para o equilíbrio da microbiota. Esse feito traz impactos positivos no funcionamento intestinal, no humor e até na imunidade. Com textura diferente das outras, costuma ser consumida em saladas e até em sobremesas.>