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Estadão
Publicado em 21 de março de 2024 às 16:41
Maria Aparecida Diogo Braga, conhecida como Cida Diogo, é a nova diretora do Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde, unidade da pasta responsável pela administração dos seis hospitais federais do Rio de Janeiro. A nomeação foi assinada por Nísia Trindade, ministra da Saúde, em edição do Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira, 18. >
Cida é ex-deputada federal pelo PT e, em 2010, quando disputava o cargo de deputada estadual no Rio, foi detida no dia da eleição sob a acusação de fazer boca de urna. A gestora já ocupava a superintendência do Ministério no Estado e acumulará as funções de Alexandre Telles, exonerado após denúncias do programa Fantástico, da TV Globo, sobre as condições de atendimento na rede hospitalar do Rio administrada pelo governo federal.>
O Ministério da Saúde foi procurado pelo Estadão, mas não havia dado um retorno até a publicação deste texto. O espaço está aberto a manifestações.>
Como mostrou a Coluna do Estadão, a denúncia levou a uma reprimenda de Lula a Nísia durante a reunião ministerial de segunda-feira, 18. Mesmo com a "bronca", o presidente reforçou seu apoio à ministra e disse que a gestora tinha seu aval para "trocar quem tiver de trocar" na resolução da crise nos hospitais do Rio. Desde então, Nísia exonerou Telles e Helvécio Magalhães, secretário de Atenção Especializada à Saúde.>
Cida, nova diretora de hospitais federais do Rio, é médica e tem um amplo histórico político no PT. Iniciou a carreira pública em 1993, como Secretária Municipal de Saúde em Volta Redonda, no sul fluminense, permanecendo na função até 1996. Deixou o cargo para ser vice-prefeita da cidade na chapa que foi eleita. Em 1999, conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde permaneceu até 2006.>
Em 2004, concorreu ao comando da prefeitura de Volta Redonda, mas não se elegeu e, em 2007, foi eleita deputada federal. Naquele ano, bateu boca com o então deputado Clodovil Hernandes (PTC-SP). Cida rebateu uma declaração sexista de Clodovil e o parlamentar, em réplica, disse que a deputada era "feia".>
Ao fim do mandato na Câmara, em 2010, Cida tentou um retorno à Alerj, mas não obteve votos suficientes. No dia da eleição, a candidata foi detida sob a acusação de fazer boca de urna, como é conhecida a prática de atos de campanha no dia do pleito, o que é proibido pela legislação eleitoral.>
Cida foi detida em flagrante por volta do meio-dia em frente ao Colégio João XXIII, em Volta Redonda. O candidato Zoinho, que disputava o cargo de deputado federal pelo PR (hoje, PL), também foi detido, sob a mesma acusação. O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) contabilizou que, naquele ano, mais de 100 autuações por boca de urna ocorreram no território fluminense.>
Pressão na Saúde>
A crise nos hospitais federais é mais um desgaste da gestão de Nísia Trindade na Saúde. A ministra tem sido cobrada pelo aumento de mortes de indígenas yanomami, pela condução de políticas públicas durante a epidemia de dengue e pela falta de traquejo político.>
Nísia está na mira do Centrão, de olho no orçamento robusto reservado para a pasta da Saúde. Em fevereiro, Nésio Fernandes foi exonerado do cargo de secretário de Atenção Primária pela ministra por pressão de deputados descontentes com a distribuição de verbas da pasta.>