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Carol Neves
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 08:35
As gravações das câmeras corporais dos PMs envolvidos na morte de Jeferson de Souza, de 24 anos, mostram que o morador de rua estava rendido quando foi baleado. Ele estava em um viaduto de São Paulo quando foi abordado pelos PMs e a situação durou cerca de uma hora. Embora as câmeras tenham registrado a cena, em alguns momentos um dos policiais usa a mão para impedir a filmagem. O áudio também não foi registrado, pois é preciso que o agente pressione o botão de gravação, o que só foi feito depois dos tiros. >
O morador foi abordado às 20h27 do dia 13 de junho, no Viaduto 25 de março. Depois que ele foi morto, o tenente Alan dos Santos Moreira e o soldado Danilo Gehrinh, presos no final de julho, alegaram que Jeferson tentou tirar a arma de um deles. As imagens, divulgadas essa semana, colocam essa versão em xeque, mostrando Jeferson rendido e sob mira de um fuzil.>
Jeferson foi levado para trás de uma pilastra, mais distante do movimento de carros na via. Durante a quase 1h que se seguiu, ele conversa com os policiais e chega a chorar. Um dos PMs tira fotos dele e usa o celular por cerca de 10 minutos. Pouco antes de ser morto, ele coloca as mãos na cabeça e depois se vira e aparenta esticar os braços para ser algemado. Nesse ponto, a câmera é tampada e os disparos acontecem. >
No boletim de ocorrência, os PMs afirmaram que o morador de rua estava alterado e tentou agarrar a arma. Ele chegou a ser socorrido para um hospital, onde já chegou sem vida.>
"A gente estava trocando ideia, ideia, ideia... Quando ele viu que ia perder, tentou a sorte. O cara é louco. Pior que eu estava querendo liberar o cara", justifica um dos policiais quando outras viaturas e a ambulância chegam ao local.>
Jeferson de Souza era de Alagoas e morava em São Paulo desde 2019
Os dois PMs estão presos no Presídio Militar Romão Gomes. A defesa do tenente Alan diz que ele agiu em legítima defesa e vai provar. Já a defesa do soldado Danilo preferiu não se manifestar. Eles vão responder por homicídio qualificado.>
Quem era Jeferson>
Nascido em Craíbas, no interior de Alagoas, Jeferson morava em São Paulo desde 2019, após a morte da mãe. Ele chegou a trabalhar na capital paulista, mas acabou ficando em situação de rua. >
A família dele ainda tenta levar o corpo para a cidade natal para o enterro. O valor do translado é de cerca de R$ 15 mil. O corpo segue no IML de São Paulo. >
"A minha mãe faleceu. A gente não tem mãe nem pai. Ele foi embora em busca de trabalho. Ele tinha um sonho muito grande de ser jogador de futebol. Foi em busca de melhora", disse a irmã de Jeferson, Micaele Soares, ao SP1, da TV Globo.>