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Perla Ribeiro
Publicado em 29 de outubro de 2025 às 16:07
 
Um idoso de 63 anos que criou o neto como filho teve que encarar a difícil missão de buscar o corpo do familiar em meio à fila formada por dezenas de corpos estendidos em frente a uma creche na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio. "Falei com ele a última vez às 4h de ontem. Disse: 'vou me cuidar pai, te amo muito' e mandou um coração. Depois não falou mais nada", disse, se referindo a Jean Alex Santos Campos, o Café, 17 anos, um dos mais de 120 mortos na megaoperação realizada pelas polícias Civil e Militar na Penha e no Alemão, no Rio de Janeiro. As informações são do jornal Extra, do Rio. >
O idoso relatou que após amigo de Café vê-lo sendo preso, eles foram atrás de mais informações. "Fomos na cidade da polícia ontem, mas o policial informou para a gente voltar hoje. E depois encontramos o corpo dele na mata", contou. Ainda de acordo com o idoso, o filho sempre foi bom instrumentista e jogava bola, mas acabou sendo influenciado negativamente. >
Corpos foram deixados em praça no Rio
"Dentro da comunidade, a gente acaba perdendo para isso aí (aponta para a fila de corpos). Você perde o filho duas vezes: uma quando ele já não consegue mais te escutar (e entra para o crime) e depois quando morre — desabafou, emocionado. Segundo o idoso, ele chegou a enfartar recentemente , por causa dos "problemas" do filho, o que o afastou do trabalho.>
O número de mortos ligados à megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha pode chegar a 132. Somente entre a noite de terça-feira e (28) a manhã desta quarta (29), moradores já levaram 68 corpos até a Praça São Lucas, no Complexo da Penha, além dos 64 óbitos já confirmados pelas autoridades ontem.>
Os corpos foram recolhidos de uma área de mata e colocados pelos moradores na praça, onde equipes da Defesa Civil atuam para fazer a remoção. O cenário ocorre um dia depois da ação policial que já era considerada a mais letal da história do Rio, com os 64 óbitos oficialmente confirmados - segundo a polícia, 60 suspeitos e quatro policiais. Com o alto volume de cadáveres, o Instituto Médico-Legal (IML) do Rio funcionou de forma restrita nesta quarta, recebendo apenas vítimas da operação. A Polícia Civil informou que outros casos que precisem de necropsia serão direcionados ao IML de Niterói.>
 
 
 
