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Corpos de técnicos de internet mortos no Alto do Cabrito são enterrados em Salvador

Ricardo Antônio Souza e Jackson Macedo foram enterrados no Cemitério Bosque da Paz; Patrick Vinicius Horta foi enterrado no Cemitério Vale da Saudade, em Candeias

  • Foto do(a) author(a) Gilberto Barbosa
  • Gilberto Barbosa

Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 18:15

Corpos dos técnicos foram sepultados nesta quarta (17)
Corpos dos técnicos foram sepultados nesta quarta (17) Crédito: Gilberto Barbosa/CORREIO

A emoção e a revolta marcaram os enterros de Ricardo Antônio da Silva Souza, 44 anos, e Jackson Santos Macedo, 41. Os dois, junto do colega Patrick Vinicius dos Santos Horta, 28, foram sequestrados e mortos na noite da última terça-feira (16) por traficantes do Comando Vermelho (CV) enquanto realizavam serviços de manutenção no bairro do Alto do Cabrito, em Salvador.

Os sepultamentos de Ricardo e Jackson ocorreram na tarde desta quarta (17) no Cemitério Bosque da Paz, no bairro de Nova Brasília. O corpo de Patrick foi enterrado no Cemitério Vale da Saudade, em Candeias.

Corpos dos técnicos foram sepultados nesta quarta (17) por Gilberto Barbosa/CORREIO

Os velórios foram marcados pela emoção dos familiares e colegas. O corpo de Jackson foi o primeiro a sair da capela e foi enterrado sob aplausos. O seu caixão foi coberto com uma camisa do Bahia. "Eles eram muito brincalhões. Eu sou Vitória e Jackson sempre estava na resenha, quando era BaVi ele sempre ficava abusando os caras. Um cara super tranquilo, gente boa. Infelizmente aconteceu essa fatalidade" lembra Amadeus Santana de Souza, colega das vítimas.

O cortejo com o corpo de Ricardo saiu pouco tempo depois. No sepultamento, familiares estavam desolados e se questionando o porquê dele ter sido vítima de tamanha violência. "Ricardo era um cara caseiro, a vida dele era a casa e o trabalho. Infelizmente a violência está demais e o poder público não toma nenhuma providência. A pessoa sai de casa e não sabe se vai voltar. Ele tem uma filha de 13 anos que vai viver com esse trauma de ter perdido o pai. É confiar na justiça de Deus porque já vemos que não dá pra confiar no ser humano", disse o primo Ronaldo.

Quem foi ao cemitério falava de Ricardo como um homem brincalhão, divertido e que gostava de ficar com a família. Uma dessas pessoas foi Rosângela Cerqueira, prima da vítima. "Uma pessoa maravilhosa. Se eu fosse descrever um pouco dele aqui, daria um livro, porque era rapaz gentil, um pai, marido e primo maravilhoso, que gostava muito de curtir a família dele. Essa tragédia realmente acabou com a gente. Um homem de bem, nunca fez mal a ninguém, trabalhador honesto. E infelizmente houve essa fatalidade", disse.

A esposa de Ricardo, Sônia Regina Vieira de Souza contou que ficou sabendo da morte do marido através de um primo, que recebeu vídeos dos corpos pela internet. Ainda segundo ela, os pertences da vítima não foram devolvidos para família. "A única coisa que me devolveram de meu esposo foi minha aliança dele", afirmou.

Sônia também recorda que Ricardo relatou ter sido ameaçado por traficantes durante um serviço anterior em um condomínio localizado no bairro de Areia Branca, há cerca de dois meses. "Ele contou que foi fazer o serviço normal do dia a dia e foi abordado por meliantes que disseram que ou a empresa pagava ou eles iam descer pelo ralo. Um senhor que morava no local interviu e pediram para que liberassem ele. Mas dessa vez ele não teve a mesma sorte", seguiu.

A situação foi confirmada por Amadeus, que contou que os dois comunicaram a empresa sobre o incidente, mas tiveram os relatos ignorados pelos supervisores. De acordo com ele, um outro funcionário da empresa havia sido mantido refém por traficantes durante um serviço no bairro de Marechal Rondon horas antes das mortes no Alto do Cabrito.

"Pegaram ele e ligaram para o dono da empresa, que se recusou a pagar o valor para liberá-lo. Isso aconteceu de manhã, eles ficaram uma hora com o nosso colega que relatou isso quando voltou. Quando chegou a noite, pegaram os rapazes, amarraram e fizeram essa brutalidade com eles. Eu vim indignado com essa situação, porque eles não tiveram a coragem de mandar um supervisor para mostrar respeito as famílias", completou.

A revolta de Amadeu com a empresa Planet Internet, da qual os dois eram funcionários, se estende para Sônia. Ela conta que a empresa havia se comprometido a pagar os custos do enterro. No entanto, após o sepultamento, ela foi chamada para assinar uma documentação assumindo um débito de R$ 500, que seria pago durante três anos.

"Eu tenho um plano funerário há 12 anos e avisei a empresa. Eles disseram que não precisava, porque eles tinham um seguro que pagaria o enterro e eu aceitei. Cheguei no IML e a funerária tava lá, a mando da empresa. Quando terminou o sepultamento, eu fui chamada para uma sala para assinar um documento onde eu assumo um débito de 500 reais durante três anos. Então, quem tá pagando esse sepultamento não é a empresa, sou eu. Eu estou com um problema de saúde, encostada pelo INSS e estou há muito tempo sem receber um real. Como vou pagar por isso? Eles vão ter que me explicar o que é isso", falou.

A empresa Planet Internet foi procurada, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.


Tags:

Crime Salvador Violência