Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2021 às 14:41
- Atualizado há 2 anos
Declarações do governador cassado do Rio Wilson Witzel na CPI da Covid colocando sob suspeita a atuação da subprocuradora Lindôra Araújo desencadearam um bate-boca na comissão, protagonizado pelo governador cassado e o senador Flávio Bolsonaro. Aliados no passado, os dois estão rompidos e trocaram farpas na CPI. O clima esquentou quando Witzel alegou perseguição em razão das investigações das quais é alvo e sugeriu a quebra de sigilo da procuradora, com a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).>
Witzel propôs então a realização de um segundo depoimento, reservado e em segredo de Justiça, para apresentar elementos para uma investigação "contra pessoas que estão desvirtuando a atuação funcional". "E vamos descobrir quem está patrocinando investigação contra governador", disse ele. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse que irá avaliar como essa segunda oitiva poderá ser feita.>
"A dr. Lindôra em ofício encaminhado a governadores demonstra que é parcial no trabalho", disse Witzel. "Filho 01" do presidente Jair Bolsonaro, Flávio se pronunciou dizendo ser "grave" a acusação do ex-governador, e pediu que o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde as investigações tramitam, seja notificado sobre.>
"Muito grave, ele foi afastado por decisão do ministro Benedito, em seguida pela Corte especial, está dizendo que há um conluio de ministros do STJ para persegui-lo, deveria ter notificação para ser apurado o que está sendo trazido por ele", rebateu Flávio.>
As interrupções do senador durante a fala de Witzel fizeram senadores de oposição apontarem para um "ato de intimidação" por parte de Flávio Bolsonaro. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a sugerir que o depoimento fosse prestado de forma reservada desde já. "Não faço a menor questão de que o senador Flávio esteja ou não presente", respondeu Witzel. "Se for reservado, vou estar presente também", rebateu Flávio, que ainda protagonizou um bate-boca com Renan.>
"Não tenho problema de estar na presença dele (Flávio), conheço ele desde garoto, a família, seu pai de longa data, e minha questão aqui não é pessoal, é em defesa da democracia", disse Witzel, seguido por uma alfinetada de Flávio. "Que discurso lindo". "Se o senhor fosse mais educado e menos mimado, teria respeito", rebateu o ex-governador. "Não vai me intimidar, não. Flávio é contumaz em dar declarações atacando o Poder Judiciário", completou Witzel, para quem governadores precisam ter foro no STF em razão de uma "perseguição do governo federal" Segundo o governador cassado, houve vazamento sobre operações da Polícia Federal contra governadores.>
Witzel disse ainda que o operador que menciona seu nome numa escuta telefônica pode ter sido coagido. As investigações contra o governador cassado e o suposto esquema de corrupção na área da Saúde do Rio apontam escutas em que o operador financeiro de Mário Peixoto, Luiz Roberto Martins, teria citado o ex-juiz federal.>
Queiroz>
Wilson Witzel negou que tenha interferido nas investigações envolvendo o ex-assessor de Flávio Bolsonaro Fabrício Queiroz e afirmou ter dito à época que a polícia tinha independência para seguir a investigação. "O que a Polícia fez ou deixou de fazer ela fez de forma independente, sem minha intervenção", reforçou.>
Em depoimento à CPI, Witzel defendeu que, com ele, não foi encontrado "nenhum centavo nem qualquer bem que seja considerado de valor" e afirmou que o que aconteceu foi um "assassinato de reputação" contra seu mandato incentivado pela imprensa. Questionado sobre a relevância das perguntas sobre os processos contra Witzel, o relator Renan Calheiros (MDB) afirmou que as perguntas se vinculam à CPI porque fatos ocorreram após apuração de desvios da covid-19.>
Apesar da defesa de sua inocência, o presidente da comissão interveio na fala do governador cassado e afirmou que "não dá pra esconder que um secretário da sua administração foi pego com R$ 18 milhões". "Não é possível que uma pessoa tenha desviado R$ 18 milhões e ninguém informar para uma controladoria", disse Aziz.>