Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Você sabe o que é futurologia? Antes de pensar em termos como astrologia e tarologia, vamos à explicação: futurologia se baseia em uma abordagem científica para tentar prever o futuro, apontar aquilo que nos espera e o que será tendência daqui pra frente. Esse é um campo que tem crescido e vem interferindo em vários setores, inclusive no imobiliário.>
A Ademi-BA, preocupada em entender essa ciência, convidou um especialista na área para falar sobre a demanda e o comportamento do consumidor no mercado imobiliário. Marcus Araújo é presidente da DataStore e um dos palestrantes na Convenção Anual da AdemiI-BA, que acontece em dezembro deste ano.>
Queremos entender o fenômeno da futurologia e de que forma haverá impactos na sociedade e no ramo imobiliário. Até o momento, vemos um cenário que aponta para algumas mudanças. Dessa forma, gostaríamos de compartilhar o que o futuro está nos reservando.>
As formas de morar estão mudando. O sonho da casa própria é algo em reformulação. Em muitos lugares, já se observa o conceito de moradia como um serviço sendo prestado. Isso significa que as pessoas não abrem mão da segurança de ter um lar, mas já adotam estilos diferentes de viver, a exemplo do coliving – moradia compartilhada.>
Ao valorizar mais o uso e não a posse do imóvel, surgem novas formas de ocupar o ambiente. O que acontece é uma redução no tamanho dos apartamentos em contraste à opção de serviços disponíveis nas áreas comuns do condomínio, que está totalmente conectado com o conceito de coliving. Academia, espaço de coworking, bicicletas e até carros elétricos compartilhados.>
Essa realidade muda também a organização dos espaços no próprio apartamento. As pessoas não querem mais grandes salões de festas e sim algo intimista. Por isso, varandas maiores para receber os amigos são mais apreciadas, assim como cozinhas integradas à sala. Surge também a mobília inteligente, que visa dinamizar o ambiente, como o sofá que abre e vira cama, ou a mesa que fecha e vira quadro.>
E existem fatores que apontam para esse cenário: a redução do tamanho das famílias, impacto da vida digital, que faz as pessoas circularem menos dentro de casa, a reforma trabalhista, que possibilita o trabalho em casa, home office, e o aumento dos encargos para contratação de serviços domésticos – residências menores são mais simples de serem limpas.>
Esse último fator também faz surgir uma demanda que até então não existia. Ainda no conceito de coliving, as pessoas estão optando cada vez mais em compartilhar serviços, de forma a diminuir os custos. Dessa forma, torna-se mais viável pagar um prestador de serviço que possa atender a várias famílias do mesmo prédio, diminuindo o gasto individual que cada residência teria.>
Todo esse cenário está sendo acompanhado através de pesquisas. Nos últimos quatros anos, os apartamentos tiveram uma redução de até 15% na área privativa, enquanto que as casas em condomínios fechados chegaram a ser reduzidas em até 50% de área privada. >
Dados sobre o comportamento do consumidor e de como o mercado está se ajustando a essa nova realidade são essenciais para que possamos nos antecipar as tendências e buscar mais formas de agir em prol de um setor imobiliário robusto e eficiente. Que a futurologia seja mais um caminho a nos orientar.>
Cláudio Cunha é presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi)>