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Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2022 às 11:14
Procura-se um candidato Após a decisão judicial que obriga Jerônimo Rodrigues a aparecer em sua própria propaganda na TV, a expectativa é que agora, enfim, o petista deixe o anonimato e participe de seus programas eleitorais. A coligação 'Pra Mudar na Bahia' entrou com uma representação e o TRE concedeu uma liminar para determinar que o candidato do PT apareça mais no seu tempo, já que a grande parte dos 3 minutos e 39 segundos é ocupada por apoiadores. Em um dos programas, ele fala por apenas 12 segundos e, noutro, participa em 24 segundos. Em algumas inserções em rádio e TV, o ex-secretário da Educação sequer fala. Uma coisa é fato: a insegurança é tanta que Jerônimo parece se esquivar dos programas e inserções. Precisou, então, a coligação adversária ir à Justiça para que o candidato petista cumpra a lei e bote a cara na telinha. >
O que diz a lei A legislação eleitoral prevê que os apoiadores devem ocupar no máximo 25% do tempo da propaganda eleitoral dos candidatos. O restante deve ser obrigatoriamente de aparições do postulante ou de ações relacionadas a ele. Com Jerônimo, tem sido o oposto, o que rendeu alfinetadas de adversários. O deputado federal Paulo Azi (União Brasil) não perdeu a oportunidade e ironizou: “Precisou a Justiça Eleitoral obrigar ele a aparecer, porque no programa só quem participa são os apoiadores. Está se escorando nos padrinhos”.>
Estratégia avestruz Por trás do “sumiço” de Jerônimo do seu próprio programa eleitoral está o fato de o candidato petista não decolar. Tanto é que a propaganda passa a impressão de não ser dele e, para observadores da política, parece fazer oposição ao próprio governo, falando dos problemas do Brasil, mas sem tocar nas questões fundamentais do estado. >
Saco cheio Fontes com trânsito no Palácio de Ondina revelaram que dois fatores principais foram responsáveis pela retirada de Geraldo Júnior (MDB) das agendas de interior de Jerônimo: o mau humor do governador Rui Costa e a inconveniência do candidato a vice. Relatam que a postura expansiva de Geraldo começou a causar incômodo em Rui, e o desconforto foi potencializado com a maior participação do governador na campanha. Além do excesso de brincadeiras, o emedebista passou a fazer discursos cada vez mais longos, tirando a paciência de Rui. O estopim foi num evento em que Geraldo dançou, com seus passinhos peculiares, na frente do governador. Foi o fim da picada. >
Alívio Mas a saída do postulante a vice da campanha no interior não provocou desconforto na base. Ao contrário, deputados e candidatos têm relatado alívio com a saída de Geraldo dos eventos. Para eles, o emedebista quer apenas eleger o filho e, “sem nenhum pudor”, estava invadindo bases de parlamentares petistas, o que gerou diversas queixas, que foram levadas a Rui. A situação é agravada pela observação de aliados de que, com sua saída do interior, Geraldo jogou a toalha de vez da disputa pelo governo e passou a se dedicar integralmente à eleição do filho, tarefa considerada complicada por caciques governistas. >
O contraste dos vices Enquanto Geraldo é escanteado na campanha petista, a candidata a vice na chapa de ACM Neto, Ana Coelho, tem participado ativamente da campanha. Num evento de Neto no interior em que a chapa se dividiu e ela participou de outra agenda, a ausência dela foi sentida e as pessoas pediam a presença da vice, que tem ocupado cada vez mais uma posição de destaque. >
Território perdido A cúpula do PT baiano já jogou a toalha para qualquer possibilidade de crescimento do candidato a governador Jerônimo Rodrigues nas regiões Oeste e Extremo Sul da Bahia. Com a consolidação do favoritismo de ACM Neto e a falta de progresso do ex-secretário da Educação nas duas localidades, caciques do partido admitem que a situação dificilmente será revertida e, com isso, não devem mais priorizar atos de campanha nas regiões. Nas pesquisas internas, o desempenho de Jerônimo em ambas as localidades é abaixo da média - que, diga-se de passagem, já é baixa. No Extremo Sul, garantem integrantes da base, é ainda pior. >
TCE na cola O TCE colocou o time em campo para auditar os convênios assinados pelo governo do estado e pode colocar luz sobre um show de horrores que a bancada de oposição na Assembleia já havia denunciado. A série de assinaturas teve claramente o viés eleitoral, mas mesmo assim não conseguiu segurar o tanto de prefeitos que se esperava. O que o governo conseguiu mesmo foi chamar a atenção dos auditores pela discrepância entre valores aplicados em 2021 e o primeiro semestre de 2022. Em todo o ano passado, a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) executou obras cujos investimentos somam R$ 655 milhões, mas o montante subiu para R$ 1,3 bilhão apenas entre janeiro e julho deste ano.>
A ordem dos tratores altera o viaduto Quem quiser saber como o governo do estado está executando o orçamento público que puxe uma cadeira, sente e aguarde com paciência. Explica-se: é que muitos atos, contratos e convênios só aparecem no Diário Oficial depois de dias, semanas e até meses depois de terem sido firmados. Ou seja, a publicidade do que o governo faz ou pretende fazer só ocorre depois que a iniciativa já foi feita. É o caso de débitos da Bahiatursa que somam mais de R$ 1 milhão referentes a projetos realizados em abril e junho, segundo constam na edição do Diário desta terça (30).>
O homem evaporou Observadores da política baiana avaliam que a candidatura de João Roma (PL) ao governo está se diluindo. Na propaganda eleitoral de rádio e TV, o ex-ministro tem apenas três inserções por dia em meio às 140 que são veiculadas diariamente nos meios de comunicação. Junte-se a isso o fato de o deputado bolsonarista não ter nenhuma sustentação política, o que faz com que os eventos dele contem sempre com uma "moquequinha", a maioria formada por pessoas da própria campanha. >
Barco à deriva Para completar o cenário, até mesmo o bolsonarismo raiz que o apoiava já começa a desistir de Roma, fato que é observado pelo desempenho dele em pesquisas quantitativas e qualitativas. Mesmo com um leve crescimento do presidente Jair Bolsonaro no estado, o ex-ministro não acompanha e, pelo contrário, tem registrado queda. A candidatura de Roma está, de fato, evaporando. >
Quem te viu, quem te vê Causou estranheza entre deputados da oposição a postura do presidente da Assembleia Legislativa, Adolfo Menezes (PSD), que gravou uma inserção na propaganda eleitoral com críticas a ACM Neto. A participação de Adolfo foi seguida por deputados do PT, que mantiveram a linha crítica. Contudo, parlamentares oposicionistas lembram que, quando precisou de apoio para se eleger presidente do Legislativo, o pessedista contou com o apoio de toda a bancada. >
Foto: Divulgação.>