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Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2015 às 05:32
- Atualizado há um ano
Um governante pode entrar para a história de várias maneiras. Pode entrar de forma trágica, desfechando um tiro no próprio peito, como fez Getúlio Vargas, ou através da coerência de propósitos e do cultivo de um ideal, como fez Nelson Mandela. Há ainda aqueles que pavimentam seu caminho para a história com o genocídio dos povos, e aí muitos teriam que ser citados, e outros que marcam sua passagem pelo poder com os erros e trapalhadas que cometem, tornando-se, assim, risíveis. A história lembra os homens por seus atos e palavras, são eles que definem o papel de cada um na fabulação dos tempos. E nem sempre são os grandes gestos ou os atos heroicos que lhes garante o lugar na história; às vezes são pequenos gestos e palavras ditas continuamente que formam a imagem de um governante.Além de recuperar a economia do país, a presidente precisa recompor a própria imagem diante do povo(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil) Em seu livro A Imortalidade Milan Kundera aborda o tipo de gesto que pode levar um homem a alcançar o registro na história e, por vezes, a desejada imortalidade, mas, vale lembrar: essa imortalidade pode ser alcançada de várias formas e ser trágica ou risível. Kundera conta que o presidente socialista François Mitterrand fez sua primeira aparição após ter assumido a Presidência da França na Praça do Pantheon, em Paris. Sob o olhar da multidão, Mitterrand subiu a grande escada da praça com três rosas nas mãos e desapareceu. Sozinho, longe dos olhos do público, postou-se, absorto, entre os túmulos dos 64 mortos ilustres que fazem do Pantheon sua última morada. Depois, escolheu três imortais e depositou uma rosa vermelha em cada um dos túmulos. O presidente parecia só, mas não estava, era acompanhado por uma câmera e um cineasta e à noite milhares de franceses assistiram, ao som da Nona Sinfonia de Bethoven, ao gesto com que ele começou a desenhar seu papel na história.
Outro presidente francês, Giscard d’Estaing, aristocrata de origem, achou que a melhor forma de entrar na história era identificando-se com as pessoas simples. E assim, em seu primeiro café da manhã como presidente da França, no Palácio dos Campos Elísios, convidou para acompanhá-lo à mesa os garis da cidade. Mitterrand queria parecer com os mortos, Giscard d’Estaing com os garis. Mitterrand com três rosas homenageou todos os mortos da sua pátria e seu gesto foi dramático; Giscard d’ Estanig não podia tomar café com todos os garis de Paris e seu gesto foi risível. Tomo de empréstimo a palavra de Kundera para mostrar como os gestos do dia de um governante podem torná-lo patético no presente e risível no passado. Ocorre-me então que alguém precisa colocar na mesa da presidente Dilma um livro do escritor checo, alguém precisa mostrar a ela que, nos últimos tempos, a imagem de governante que ela tem passado para o país é simplesmente risível.
Note o leitor que não estou me referindo ao governo da presidente, nem estou analisando sua performance como governante, isso já fiz em outras oportunidades, estou afirmando que a maneira como ela vem se apresentando ao país, sem preocupar-se com o que diz, sem fundamentar suas falas, falando de improviso tudo que lhe passa na cabeça – e só na sua cabeça – está construindo a imagem de uma presidente que não pensa no que diz, que não mede suas palavras. “Isso pode ser isto” nas redes sociais, e no WhatsApp, que divulgam a cada momento as falas da presidente.
De repente, a maior autoridade do país aparece na Organização das Nações Unidas, queixando-se da falta de uma tecnologia para estocar vento, ou, num congresso de povos indígenas, afirmando que as duas maiores conquistas da humanidade foram a cooperação e... o fogo – para concluir com uma louvação à mandioca que, segundo ela, também deveria ser elevada à condição de conquista da humanidade. E isso no meio de digressões surpreendentes nas quais ela diz que é impossível a pasta de dente voltar ao tubo ou que é preciso criar uma nova categoria na evolução humana: as “mulheres sapiens”. Nada é mais trágico para a imagem de um presidente, nem mesmo a possibilidade do impeachment, do que entrar para o imaginário popular através da galhofa, da piada e do comportamento risível. Assim, para que volte a assumir a força e a confiança que precisa ter um presidente da República, Dilma Rousseff não precisa apenas recuperar a economia brasileira, que caminha no fio da navalha, não precisa somente recuperar sua base política, quase esfacelada, precisa recompor sua verve e desfazer a imagem risível que está passando para nação.
O déficit previdenciário na BahiaO déficit no pagamento de aposentadorias e pensões dos servidores estaduais na Bahia em 2014 foi de R$ 1,9 bilhão, 35% maior que o verificado em 2013. Em 2015, o déficit da previdência alcançará R$ 2,5 bilhões, cerca de 30% maior que em 2014. O crescimento é exponencial e está ocorrendo, com mais ou menos intensidade, em todos os estados brasileiros. O secretário estadual da Fazenda, Manoel Vitorio, me diz que a situação é tão grave que durante os oito anos do governo Wagner o Estado teve de aportar recursos da ordem de R$ 8 bilhões para manter o sistema previdenciário. “O déficit previdenciário já é maior que o serviço da dívida e que o orçamento da saúde e não tem viés de baixa”, diz Vitorio. Segundo ele, esse é o maior problema do Estado, maior que a própria queda de arrecadação resultante da crise e que vem sendo enfrentada com cortes de gastos, especialmente no custeio; maior que a dívida que tem perfil perfeitamente administrável e tendência a cair no tempo. O secretário diz que o governo federal precisa intervir, mas reconhece que as medidas nessa área são impopulares, e que os servidores não podem ter seus direitos retirados.
A luz e a treva no PDDU de SalvadorQuando uma luz aparece no túnel do mercado imobiliário de Salvador, acenando para a dinamização de um setor que é fundamental para a economia da cidade, especialmente no que se refere à geração de emprego, surge de novo a perspectiva de retrocesso, dado dessa vez por uma injustificável ação movida por uma promotora do Ministério Público Estadual. A luz do fim do túnel é o novo PDDU – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano que deve ser encaminhado pela Prefeitura de Salvador à Câmara de Vereadores. O novo PDDU é fundamental para o setor e, junto com medidas como a modificação do cálculo da outorga onerosa, já aprovada, e o projeto que dá desconto e parcela o ITIV – Imposto de Transmissão Intervivos, pode fazer o mercado imobiliário recuperar seu dinamismo. A ação foi movida por uma promotora do Ministério Público que afirma que não entende a pressa do Executivo para enviar a proposta a Câmara de Vereadores. Ora, a prefeitura fez 14 audiências discutindo o projeto e se pressa existe é para tirar a construção civil em Salvador do torpor, afinal em 2015 foram lançadas apenas de 500 unidades, quando a média é superior a três mil.
II Fórum Bahia EconômicaConvido os amigos e leitores a participar do II Fórum Bahia Econômica/ Prospectando o futuro, que será realizado hoje a partir das 8h, no auditório da Fieb – Federação das Indústrias do Estado da Bahia. Além da presença do economista Raul Velloso, que analisará a situação e as perspectivas da economia brasileira, serão discutidas questões relacionadas à economia baiana, incluindo o fornecimento de nafta para a petroquímica e o futuro do Estaleiro Enseada.