Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Apropriação cultural na comunicação

O que sobra para as agências locais são as “migalhas” ou então a terceirização a partir de agências de outros estados

Publicado em 5 de setembro de 2023 às 05:00

Artigo
Artigo Crédito: Arte CORREIO

Quem trabalha com Marketing sabe que o fazer da profissão não é igual em todo o Brasil. Somos um país diverso, em que cada região possui interesses diferentes e formas muito individuais de nos relacionar. No mundo do marketing, por exemplo, notamos que o perfil do consumidor nordestino é muito focado em imperativos, com uso de expressões que são comuns nas regiões - e mesmo isso pode ser diferente a depender do lugar.

Há algum tempo, eu li uma reportagem sobre como no Nordeste a agência local dá o tom à publicidade. A reportagem abordava como muitas empresas nordestinas cresceram, mas continuavam optando por agências locais para fazerem a sua comunicação. Porém, venho notando que empresas de outras regiões não buscam por empresas nordestinas quando estão pensando em ações de marketing que são focadas no Nordeste. Como resultado, essas agências “de fora” acabam ganhando dinheiro em cima de uma cultura que representa a nossa identidade.

O que sobra para as agências locais são as “migalhas” ou então a terceirização a partir de agências de outros estados, com um ganho muito menor. Esse êxodo de demandas, com empresas de outras regiões, principalmente do Rio e de São Paulo, retira oportunidades das empresas locais de serem rentáveis e de crescerem. E o Nordeste é um mercado importante: representa 20% dos gastos nacionais com publicidade, cerca de R$ 2,5 bilhões em números absolutos, segundo a Kantar Ibope.

A questão é: por que não contratar empresas baianas para atuar em eventos locais, principalmente aqueles que são um misto de cultura e entretenimento, como o Carnaval e o São João? Qual o sentido em deixar de fora empresas que já entendem como o público baiano funciona e que já atuam nesse cenário?

É preciso questionar essa apropriação cultural dentro do mercado de eventos e da comunicação. Afinal, essas escolhas tiram a oportunidade dos negócios baianos, que já possuem total capacidade criativa e escalável para comandar ativações e estratégias em eventos importantes. Vou além: de empresas que conhecem muito bem o público dessas ações e que poderiam montar estratégias tão (ou ainda mais) assertivas quanto as grandes empresas de publicidade e marketing sudestinas que costumam receber essas demandas.

Falar sobre a apropriação cultural por empresas do mercado da comunicação é importante para que possamos ficar atentos às oportunidades que os empreendedores locais perdem com essa investida das empresas estrangeiras. O que separa as nossas agências locais daquelas mais conhecidas nacionalmente são oportunidades; e não a qualidade.

Dayane Oliveira, Diretora de Comunicação Digital da agência Asminas