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Publicado em 6 de outubro de 2025 às 05:00
O empreendedor desempenha papel crucial para o desenvolvimento. O empreendedorismo, em qualquer atividade – indústria, comércio, serviços, campo ou economia criativa – é um motor de inclusão produtiva, geração de emprego e aumento de renda. No estado da Bahia, persistem barreiras conhecidas: burocracia e sistema de licenciamento com pouca agilidade, crédito caro e com garantias excessivas, lacunas de qualificação gerencial e técnica, além de dificuldades logísticas e de acesso pleno ao digital. Valorizar o empreendedor significa atacar esses entraves com metas claras e prazos definidos. >
Além disso, a Bahia apresenta um hiato conhecido na presença de grandes empresas com sede e comando no próprio estado, quando comparado a pares como Ceará e Santa Catarina. Nesses estados, grupos com capital e gestão locais escalaram para atuação nacional em setores tradicionais e de transformação, enquanto, na Bahia, a trajetória ficou mais dependente da atração de plantas de conglomerados externos, com menor enraizamento de cadeias e governança locais. O efeito é uma densidade menor de marcas âncoras baianas, menor efeito multiplicador e uma base empresarial menos capitalizada para disputar mercado em escala nacional. Esse diagnóstico reforça a necessidade de políticas que desenvolvam capital local, sucessão e profissionalização de empresas nascidas na Bahia.>
Para orientar a ação pública, é recomendável adotar diretrizes amplas e consistentes no tempo: simplificar e tornar previsível o ambiente regulatório; estruturar um ecossistema de financiamento que una crédito acessível, garantias e educação financeira; utilizar o poder de compra do Estado para dinamizar cadeias locais; fomentar formação empreendedora contínua conectada às demandas do mercado; ampliar o acesso a serviços tecnológicos e digitais que elevem produtividade e qualidade; estimular a formalização e a competitividade dos pequenos negócios; e integrar logística e conectividade como eixos da política de desenvolvimento regional.>
Em suma, a Bahia necessita de um pacto pró-empreendedorismo que una governo estadual, prefeituras, instituições de apoio e setor produtivo. O pacto deve fixar metas mensuráveis para prazo de abertura de empresas, redução do tempo de licenciamento de baixo risco, ampliação do volume de microcrédito, número de empresas atendidas por compras governamentais, taxa de sobrevivência de novos negócios; produtividade etc. A Bahia dispõe de ativos institucionais e capital humano para dar esse salto importante. O que falta é transformar boas intenções em política pública com execução, monitoramento e resultado. Valorizar quem empreende é escolher crescimento sustentado e oportunidades para toda a população.>
Ricardo Menezes Kawabe, gerente do Observatório da Indústria da FIEB>