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Publicado em 30 de dezembro de 2024 às 02:00
Nós terminamos o ano com um olhar para o caminho percorrido e outro para o caminho que se abre. Apesar das dificuldades e desafios no ano que se encerra, certamente temos muito a agradecer. O nosso olhar se faz de ação de graças a Deus e de gratidão aos que caminharam conosco, nas alegrias e dores. Ao mesmo tempo, é importante o humilde reconhecimento da própria fragilidade e das falhas cometidas. Há muita coisa a ser deixada para trás a fim de recomeçar. Mágoas, ressentimentos e vinganças devem ceder lugar ao perdão, à reconciliação e à paz. Não se pode simplesmente apagar o que foi vivido, mas é possível assumir com serenidade as falhas e limitações, aprender com os erros passados e dispor-se a dar passos de superação. No mundo marcado por tanta agressividade e conflitos, torna-se ainda mais necessária a bela tarefa do perdão, da reconciliação e da paz. Não se pode ir em frente carregando fardos nas costas e amargura no coração. Cargas pesadas acabam enfraquecendo as pernas, impedindo avançar no caminho novo e fazendo sofrer o coração. >
O nosso olhar para o novo ano se faz de esperança e de compromisso de vida nova. O início de um novo ano representa sempre uma oportunidade especial de vida nova. É tempo de recomeçar acolhendo a vida como dom e tarefa. Nós iniciamos com a gratidão de quem acolhe o novo ano como um precioso dom e não como um fardo a ser penosamente carregado, por maiores que sejam os desafios. Um novo ano pode ser desafiador, mas não deve ser visto como penoso ou ameaçador.>
O caminho a ser percorrido poderá continuar marcado por atividades rotineiras e conhecidos desafios, mas não somos prisioneiros do destino ou meros espectadores da história. Podemos construir a vida de um jeito novo, encontrando alegria nas coisas simples e aparentemente pequenas. Necessitamos valorizar mais as pessoas que estão ao nosso lado, mas que nem sempre recebem a nossa fraterna atenção. Amar mais a quem não temos amado bastante é presente valioso a ser gratuitamente oferecido.>
Somos “peregrinos da esperança”! É preciso desenferrujar a esperança e a criatividade, superando a acomodação e o desânimo. Olhar para frente com esperança, realizando sonhos e cultivando novas atitudes. Podemos recomeçar vivendo de um jeito novo as atividades rotineiras e desenvolvendo novas atitudes que nos tornem mais fraternos e felizes, segundo o querer de Deus. A fé em Deus sustenta a esperança e ilumina o caminho a seguir. Com ele, é possível uma nova vida no novo ano. >
O caminho pode ser longo e difícil, mas percorrido juntos se torna leve e agradável. Um novo ano traz novas oportunidades de fazer amizades, fortalecer as existentes e crescer na gratuidade. Não perca jamais a esperança de vida nova! A vida deve ser acolhida e saboreada como dom precioso do Criador e como fruto do amor de tanta gente que caminha conosco. Feliz ano novo, com paz e esperança de vida nova!>
*Dom Sergio da Rocha, cardeal arcebispo de Salvador>