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Leão XIV e o amor aos pobres

O novo documento do Magistério pontifício evidencia o nexo entre a fé e o amor aos pobres

  • Foto do(a) author(a) Dom Sergio da Rocha
  • Dom Sergio da Rocha

Publicado em 27 de outubro de 2025 às 05:00

Papa Leão 14
Papa Leão 14 Crédito: Reprodução

O “amor para com os pobres” é o tema central do primeiro grande documento do Papa Leão XIV, denominado “Dilexi te”, expressão em latim que significa “Eu te amei”, referindo-se a Jesus, cujo amor aos pobres é ressaltado nos Evangelhos. Trata-se de uma Exortação Apostólica, tipo de documento que, como as Encíclicas, está entre os escritos mais importantes dos papas. Foi publicada no dia 09 de outubro, mas firmada por Leão XIV no dia de São Francisco de Assis, 04 de outubro. É evidente neste escrito, a continuidade com o Papa Francisco, seja porque foi por ele iniciado, seja pelo nome escolhido, pois sua última encíclica publicada em outubro de 2024 é intitulada “Dilexit nos”, cuja tradução do latim é “Ele nos amou”, versando sobre o amor humano e divino do coração de Jesus. Portanto, representa uma continuação da Dilexit nos, enfatizando a ligação entre o amor de Deus e o amor aos pobres.

Nos seus 121 parágrafos distribuídos em 05 capítulos, o novo documento do Magistério pontifício desenvolve o seu tema central recorrendo a abundantes citações bíblicas, evidenciando o nexo entre a fé e o amor aos pobres. “No rosto ferido dos pobres, encontramos impresso o sofrimento dos inocentes e, portanto, o próprio sofrimento de Cristo” (n. 9), afirma Leão XIV. A reflexão não se fundamenta em ideologias ou posturas político-partidárias, mas nos ensinamentos e atitudes de Jesus Cristo, assim como, no testemunho de homens e mulheres que ao longo da história viveram a santidade através do amor aos pobres e sofredores. Dentre tantos, ele dedica um belo parágrafo à Santa Dulce dos Pobres, o “anjo bom da Bahia”, que “fez-se pobre, com os pobres, por amor ao sumamente Pobre” (n. 78).

Os “inúmeros rostos dos pobres e da pobreza” e as “novas formas de pobreza” são considerados: daqueles que “não tem meios de subsistência material; de quem é marginalizado socialmente e não possui instrumentos para dar voz à sua dignidade e suas capacidades; a pobreza moral, espiritual e cultural; a pobreza de quem se encontra em condições de fraqueza e fragilidade, seja pessoal que social; a de quem não tem direitos, nem lugar, nem liberdade” (n. 9).

É retomado o importante tema da “opção preferencial pelos pobres” (n. 16), expressão nascida na América Latina, esclarecendo não se tratar de “um exclusivismo ou uma discriminação em relação a outros grupos”, mas do amor de Deus. O Papa valoriza as iniciativas pessoais e comunitárias, como a partilha e a solidariedade, mas ressalta a necessidade de “erradicação das causas sociais e estruturais da pobreza” (n.10), pois “os pobres não existem por acaso ou por um cego e amargo destino” (n. 14). O documento de Leão XIV tem se difundido largamente em todo o mundo, repropondo a temática sempre atual e urgente do amor aos pobres e sofredores, das causas da pobreza e das iniciativas para a sua superação.

Dom Sergio da Rocha é cardeal arcebispo de Salvador e primaz do Brasil