ARTIGO

Lei das sacolas plásticas: um socorro ao desastre ambiental

À medida que olhamos para o futuro, é necessário o avanço nesse caminho, adotando medidas ambiciosas e inovadoras a fim de garantir um mundo mais sustentável

Publicado em 30 de abril de 2024 às 05:00

A capital dos baianos está se preparando para uma mudança significativa no que se refere à cultura de conscientização e preservação do meio ambiente a partir do mês de maio, quando entra em vigor a Lei municipal que veda a oferta de sacos e sacolas plásticas não recicláveis nos estabelecimentos comerciais. Salvador passa a adotar a medida em consonância com as demandas globais diante das alterações climáticas significativas que afetam todos os continentes do nosso planeta.

A legislação sinaliza uma mudança urgente no comportamento do consumidor e dos empresários, refletindo o compromisso com a preservação dos recursos naturais e a construção de um futuro mais sustentável para as próximas gerações. Um dos aspectos importantes para destacar é o impacto direto no comportamento do consumidor. Ao eliminar a oferta gratuita de sacolas plásticas descartáveis, os soteropolitanos são incentivados a adotar hábitos mais responsáveis, como o uso de sacolas reutilizáveis ou o transporte de seus próprios recipientes.

A medida reflete a preocupação com o bem-estar do planeta e coloca as empresas no centro da pauta como defensoras da sustentabilidade. Ao priorizar alternativas ecologicamente conscientes, o setor empresarial atende às demandas do mercado atual, além de contribuir para moldar uma nova realidade em que a sustentabilidade é um pilar central do sistema de negócios.

Estimativa do Instituto Socioambiental dos Plásticos (Plastivida) dá conta que 13 bilhões de sacolas plásticas são usadas por ano no Brasil, enquanto o relatório do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) coloca o país como o quarto maior produtor de plástico no mundo e produtor de 11 milhões de toneladas de lixo plástico anualmente. Deste total, somente 1,28% é reciclado.

Um estudo produzido pela 5 Gyres Institute aponta que o lixo plástico no oceano chegue a 170 trilhões de partículas, o que representa uma massa total de 2,3 milhões de toneladas de plásticos nos mares do planeta. Esse material gera impactos desde a contribuição para o entupimento de bueiros e consequentes enchentes nas cidades até a morte de animais por asfixia ou intoxicação. Assim como o mercado automobilístico, outros setores já se movimentam para fazer a substituição gradativa de diversos materiais derivados do petróleo.

A Lei municipal, que passa a vigorar a partir do dia 12 de maio, representa um marco para Salvador rumo à sustentabilidade. Ao desafiar as normas estabelecidas e inspirar mudanças, tanto no comportamento do consumidor quanto no mundo empresarial, a legislação protege o meio ambiente e fortalece a resiliência da nossa população. À medida que olhamos para o futuro, é necessário o avanço nesse caminho, adotando medidas ambiciosas e inovadoras a fim de garantir um mundo mais limpo, seguro e sustentável para todos.

Amanda Vasconcelos, presidente da Associação Baiana de Supermercados (Abase)